Jornal de Opinião

São muitos os textos enviados para a Agência Ecclesia com pedido de publicação. De diferentes personalidades e contextos sociais e eclesiais, o seu conteúdo é exclusivamente da responsabilidade dos seus autores. São esses textos que aqui se publicam, sem que afectem critérios editoriais da Agência Ecclesia. Trata-se de um espaço de divulgação da opinião assinada e assumida, contribuindo para o debate de ideias, que a internet possibilita.

31/07/12

Um país em várias velocidades!...

Desde o último fim-de-semana de maio e até finais de setembro temos diversos festivais de música, espalhados por várias regiões – alternando ao sul e ao norte do Tejo, em volta de Lisboa e nos arredores do Porto, mais ou menos publicitados, com preços, normalmente, elevados, quase sempre cheios de gente bem (dis)posta e com arremedos de bem-falantes e melhores pagantes... Por outro lado, dizem que estamos – é verdade, embora só para uns quantos! – em crise e sobre ela, com ela e por ela se fazem manifestações – usando talvez desempregados ou funcionários da estrutura de protesto! – tanto sindicais como profissionais, usando a contestação como arma de arremesso, com recurso até a impropérios e gestos ofensivos da integridade física e moral dos contendores... sobretudo se forem autoridade. Perante a disparidade de iniciativas fica-me a sensação que algo não está totalmente contado e parece que vivemos num país com vários ritmos de promoção, não se sabendo onde se coloca o nosso interlocutor, seja ele direto e presencial, seja à distância e virtual. = Num país de festas e romarias, festivais e foguetório... Apesar de apelidarem este tempo de ‘crise’ continuamos a ter as nossas festas com mais ou menos solenidade – tanto social como religiosa – transbordando de tiques de vaidade e, nalguns casos, com bairrismos obsoletos. Ninguém quer dar parte de fraco e espreme-se o povo até que ele não possa dar mais... É claro que se verifica uma certa contenção nos gastos, pois o que há anos era feito por mil agora foi reduzido para quinhentos... e tudo rola com igual ‘qualidade’ de serviço e de apreço. Será que antes não se estaria a exagerar nos ganhos ou será que se faziam os preços tendo em conta o bolso e/ou a vaidade dos promotores? - Nota-se uma certa viragem nas entidades festejadas: se antes eram os santos e os recursos eram de índole cultural mais ou menos cristã, ao menos na casca ou no verniz, agora os festejados são mais de natureza transversal, numa mística hedonista e com laivos de neo-paganismo, senão nas ideias pelo menos na prática. - Os ritos desta nova vaga de diversão ultrapassam as meras fronteiras do país e fazem-se espetáculos onde música, letra, cor e envolvência ecológica desencadeiam os (mais) profundos instintos em ordem a criar-se um ambiente de descompressão psicológica... Não é por acaso que álcool, drogas e sexo andam conexos em muitas destas manifestações ‘culturais’, pois na medida em que se libertam (alguns) dos medos, melhor se conseguirá atingir a naturalidade das pessoas. Água, sol, pó e luz – note-se como que estes arquétipos heraclianos! – quase se conjugam nesta refundação de tantos dos nossos contemporâneos... ávidos de sensações mais ou menos epicuristas. - Aliados a estes momentos estão, normalmente, outros ingredientes de comida (muita) e de bebida (bastante) para que possa o povo divertir-se e conviver. Criam-se, deste modo, variados condimentos de tonalidade interessante, mas que, por vezes, escondem outras lacunas de bem-estar mal resolvido, dando-se oportunidade para compensações que têm de ser bem geridas... pessoal e socialmente. Como povo em festa temos de saber estar sem ofender os que mais precisam e não têm o essencial para a sua sobrevivência no dia a dia... A crise dá fome e esta cria revolta! *** Diante de certos papagaios mais ou menos bem-falantes e altifalantes, gostaríamos de desafiá-los a virem para o meio do povo real e não só a estarem com os da sua coloração – partidária, ideológica ou sensitiva – para sentirem as suas alegrias e tristezas, as amarguras e os anseios, deixando-se de atoardas de gabinete ou de leituras para quem vai de visita... pois o mundo não gira só em redor dos seus umbigos nem têm sempre razão ao pregarem do seu pedestal (já) carcomido de caruncho embora envernizado! Coerência a quanto obrigas! Post scriptum: Um certo país de medíocres saiu do armário dos preconceitos quando tratou de forma acintosa o prof. José Hermano Saraiva, recentemente falecido. Se as poucas figuras de valor que temos em Portugal são deste modo achincalhadas só porque não são da cor política/ideológica de certos ‘intelectuais’ da treta, então somos dignos de chafurdar na lama... mais imunda! Fica lavrado o protesto. António Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)

VER [+]

24/07/12

A diferença estará (sobretudo) no carácter

1. O pecado original da democracia (dificilmente corrigido ao longo dos tempos) é a propensão para estacionar na «cracia» (poder) e para quase ignorar o «demos» (povo). Este é convocado para atribuir o exercício do poder. Depois, resigna-se a suportar o poder, a sofrer o poder. 2. Sucede que tal percepção envenena tudo. Muitas vezes, ficamos só pelas intenções, pelos enunciados. O mais elementar conceito diz que a democracia é o poder do povo. Olhando, porém, para a realidade, o que avulta é que o povo acaba por ser a maior vítima da democracia. José Saramago asseverou: «Estamos numa situação em que uma democracia que, segundo a definição antiga, é o governo do povo, para o povo e pelo povo, nessa democracia precisamente está ausente o povo». 3. A alternativa não é, contudo, extinguir a democracia. A alternativa só pode ser refundar a democracia, recentrando-a no povo! Se a fonte do poder é o povo, o exercício do poder devia ser um serviço, uma missão. 4. Muito se fala no êxito dos países nórdicos. Apesar da crise, mantêm-se na dianteira das escalas do desenvolvimento. Frequentemente surgem apelos para que se importem os seus modelos, os seus ideais, os seus programas. 5. Tudo isto é conhecido. E muito disto é defendido. Grande parte dos nossos políticos confessa inspirar-se nas ideologias aplicadas naqueles países. O que se passa, então, para que os resultados sejam (radicalmente) diferentes? Só encontro uma resposta: o carácter. E o carácter (dos políticos e dos cidadãos) não se pode importar por decreto. 6. Naqueles países, reclamam-se direitos, mas quase ninguém foge aos deveres. A desigualdade entre as pessoas é quase nula. Os ricos vivem bem, mas os pobres também não parecem muito mal. Há muita ordem sem haver demasiada coerção. O Estado é permanentemente reorganizado. A cultura é priorizada. A corrupção é uma ausência. Os privilégios praticamente não existem. Os deputados e os ministros recorrem, frequentemente, aos transportes públicos. 7. Há quem diga que os cidadãos destes povos são de uma frieza glacial e pouco emotivos. É claro que o paraíso não mora neste mundo. A perfeição não é uma oferta da natureza; é uma constante aquisição da vontade. E ter defeitos é sinal de que o caminho ainda não está totalmente percorrido. O certo, porém, é que, mesmo com reduzida emoção e alguma frieza, os mecanismos de solidariedade funcionam melhor a norte do que a sul. E o Estado Social, que nós sentimos tremer, não dá sinais de vacilar. 8. Curiosamente, a ausência de alternância política, que nós registamos, também se verifica por lá. Com uma diferença: é que lá, mesmo quando mudam os governos, os direitos não ficam em causa; já entre nós, por cada alternância que surge, as conquistas parecem ficar em risco. Aqui, à direita e à esquerda, não parece haver alternativa à austeridade. Nos países nórdicos, à esquerda e à direita, não parece haver alternativa ao desenvolvimento! 9. Muitos pensarão que falar disto é pura demagogia. No fundo, o que não se quer é mudar. Nem mudar a mentalidade, nem a prática governativa, nem a conduta cívica. É por isso que nos limitamos a sonhar com o sucesso dos outros. E a lamentar, persistentemente, o nosso endémico atraso! João António Pinheiro Teixeira

VER [+]

A (crescente) degola da palavra

1. Um dos indicadores que os nossos tempos exibem é a crescente capitulação da palavra perante a realidade. Já sabíamos que a realidade é forte. O que não suspeitávamos é que se a palavra se mostrasse tão fraca. Hoje em dia, a palavra quase sempre vai atrás dos factos, (in)devidamente domesticada diante do império da realidade. 2. À partida, é estranho que, num tempo em que se fala tanto, se especule acerca de uma crise da palavra. É possível que o problema radique precisamente aí, ou seja, na banalização da palavra, na instrumentalização da palavra. A ruidosa proliferação de palavras parece ter-lhes retirado capacidade de intervenção. Parece ter-lhes subtraído os créditos que costumavam pontuar a sua actuação. Tudo parece reduzido a sons sem efeito. 3. A palavra, geralmente, resigna-se a justificar a realidade. Vê-se impotente para a transformar. Sente-se até incapaz de a explicar. Limita-se a descrevê-la com a (inevitável) adenda de que «não há alternativa». Seja a austeridade, seja o desemprego, seja até a corrupção, o tom não oscila muito. O que a palavra, em forma oral ou escrita, nos assegura é que tem de ser assim. Ou, o que é mais espantoso, que sempre foi assim. 4. Isto é preocupante e profundamente empobrecedor. É que as grandes transformações ocorreram quando a palavra alterou o curso de ocorrências que pareciam irreversíveis. Veja-se, a título de exemplo, a segunda guerra mundial. Os factos apontavam numa direcção. Mas a pertinácia da palavra (sobretudo) de Churchill alterou o rumo dos acontecimentos e fez inverter o decurso da história. 5. Esta degola da palavra, a que assistimos hoje, só será superada com pessoas que acreditem, que tenham esperança e que nunca se submetam. Os factos são teimosos. Mas a teimosia dos factos pode ser vencida! Dir-se-ia que a realidade da palavra não pode manter-se submissa no contacto com a palavra da realidade. Não podemos continuar a subestimar a força da palavra. 6. George Steiner não se revê nestes tempos «epilológicos», nestes tempos de «pós-palavra». Não se trata do desaparecimento da palavra, mas da sua crescente subalternidade. A palavra como que se submete, limitando-se a anotar, a aplaudir. 7. Os vencedores são sempre apontados como modelos, como critérios, alcandorados ao estatuto de norma e de padrão. O êxito é a medida. Não se escrutinam os métodos. Não se questionam as atitudes. A história continua a ser feita a partir de cima. 8. A palavra não devia ter apenas uma função notarial, passiva. Ela devia apostar numa missão mais interventiva, mais performativa. Eu sei que é difícil. Mas, por muito estranho que pareça, a palavra tem uma força que pode alterar muitos factos. 9. Actualmente, o pensamento tende a ser cada vez mais descritivo e cada vez menos criativo. As soluções quase reproduzem (para não dizer que alastram) os problemas. O sistema educativo tem um papel preponderante. A cultura humanista deve caldear a totalidade do ensino. As especialidades são importantes, mas precisam de ser animadas por uma abertura ao geral. 10. Não basta ler bem a realidade. É fundamental procurar transformá-la. E, além de soluções, carecemos de horizontes. São eles que nos farão (re)viver. Faz falta quem acredite na palavra. Temos saudades da força da palavra. Estamos saturados do ruído de muitas palavras…. João António Pinheiro Teixeira

VER [+]

18/07/12

Os Quarenta Mártires do Brasil - Revisita Histórica

Segundo as investigações mais recentes, a verdadeira data do descobrimento do Brasil regista-se a 22 de Abril de 1500. Frei Henrique de Coimbra, superior dos franciscanos que acompanhavam Pedro Alvares Cabral, foi o primeiro Sacerdote que celebrou Missa no Brasil, a 26 de abril, na Coroa Vermelha e a segunda Missa foi celebrada a 1 de Maio, junto à cruz erguida na costa, próxima da praia e do mar. Os primeiros Jesuítas, missionários do Brasil, seguiram na armada do governador-geral Tomé de Sousa, que partiu de Lisboa a 1 de Fevereiro de 1549 e chegou à baia de Todos os Santos a 29 de Março. Eram apenas seis jesuítas. No Domingo, dia 31 de Março, o Padre Manuel da Nóbrega celebrou Missa diante dum improvisado Cruzeiro. Posteriormente, «sucederam-se regularmente as expedições missionárias enviadas de Portugal e alargou-se de modo assombroso a acção da Companhia. De 1549 a 1604 contam-se 28 expedições. Em 1586, iam jesuítas do Brasil fundar a primeira missão do Paraguai. (…). Logo desde os primeiros anos, a missão do Brasil deu à Companhia numerosos mártires. Em 1570, foi atacada no alto-mar por corsários franceses, comandados por Jacques Sória, uma expedição que saíra de Lisboa com setenta missionários: o padre Inácio de Azevedo foi martirizado com mais 39 companheiros no dia 15 de Julho, e os restantes sofreram igual sorte em 13 e 14 de Setembro de 1571.» (Cf. OLIVIERA, Pe. Miguel de, História Eclesiástica de Portugal, Publicações Europa-América, 1994, pág. 152). Eis o assunto do nosso artigo. O livro de Maria Valentina Machado e Marcelino Caldeira, (Irmãos de Muita Virtude – Vida do Beato Domingos Fernandes de Borba, Jesuíta e mártir do Brasil (1551-1570), Ed. Paulinas, 2011, pág. 17-18) conta-nos que «Em finais de maio de 1569, Inácio de Azevedo vai a Roma para pedir missionários para o Brasil. Consigo leva mensagens e recomendações do rei D. Sebastião, de Frei Bartolomeu dos Mártires 16, Arcebispo, Primaz de Braga, do Provincial de Portugal e do Pe. Luís Gonçalves da Câmara. De igual modo leva esmolas dos monarcas portugueses para o Papa e também para o prepósito-geral (superior-geral) da Companhia, destinadas à construção da Igreja de Jesus. Quando chega a Roma, no mês de junho, expõe ao Padre Geral, com entusiasmo e preocupação, as urgentes necessidades existentes no Brasil. O papa São Pio V recebeu-os e escutou agradecido e com interesse os seus projectos missionários.». Inácio Azevedo deixou Roma nos finais de Julho de 1659 e dirigiu-se a Portugal e a Espanha com o intuito de recrutar voluntários para as Missões. Em Portugal a Companhia de Jesus tinha experimentado uma grande expansão, por isso S.to Inácio de Loyola constituiu Portugal como a primeira Província da sua companhia. Muitos eram as possibilidades de em Portugal se encontrar voluntários para as Missões do Brasil: «Em Coimbra, tiveram os jesuítas, além do colégio de Jesus, (…), o das Artes, que D. João III lhes entregou em 1555, (…). Em Évora, inauguraram colégio em 1553 e tomaram conta da Universidade fundada pelo cardeal D. Henrique (1559).Em Lisboa, estabeleceram junto à ermida de S. Roque a primeira casa professa, em 1553; neste mesmo ano, abriram as suas primeiras aulas públicas na velha casa de Santo Antão, que em 1593 transferiram para o edifício chamado de Santo Antão-o-Novo, (…). Em 1560, fundaram o colégio de S. Lourenço do Porto, dirigido por Francisco de Borja, e tomaram conta do de S. Paulo de Braga, sob a direcção de Inácio de Azevedo. Em 1561, inauguraram o colégio do Santo Nome de Jesus em Bragança; em 1599, estabeleceram residência em Faro; em 1601, fundaram a casa professa de Vila Viçosa; em 1605, começaram o colégio de Portalegre; em 1621, o de Santarém.» (Cf. OLIVIERA, Pe. Miguel de, op. cit., pág. 167). Sabemos que inicialmente se ofereceram mais de 300 jovens para as missões do Brasil, que após as exigentes preparações, o número se reduziu para 70, acabando por embarcar 40. Na sua maioria, os 40 “Mártires do Brasil”, contavam com idades compreendidas entre os 20 e 30 anos, mas haviam jovens, um com 15 anos, outro com 16 anos, quatro com dezassete, nove com dezoito e seis com dezanove anos. Dois deles eram sacerdotes, os Padres Inácio de Azevedo e Diogo de Andrade; um era Diácono, Gonçalo Henriques, treze eram Irmãos noviços, vinte e dois eram Irmãos estudantes que se destinavam ao sacerdócio, catorze eram Irmãos Coadjuntores, ia também, um Aspirante À Companhia de Jesus, João Adauto. Dos quarenta Mártires, beatificado por Pio IX (1846-1878) a 11 de Maio de 1854, 32 são Portugueses e oito são Espanhóis. No referente às Dioceses donde provinham, os 32 Jesuítas Portugueses constatamos que 10 provinham de Évora, 8 do Porto, 3 de Guarda, 2 de Braga. Das Dioceses de Coimbra, Ceuta, Leiria, Lisboa, Portalegre, Setúbal e Vila Real, provinha um de cada uma. Da nossa arquidiocese, os 10 Mártires dela originais, pertencem às seguintes localidades: Viana do Alentejo: B. André Gonçalves; Montemor-o-Novo: B. António Fernandes; Fronteira: B. Pedro Nunes; Estremoz – B. Manuel Ávares; Évora: B. Luís Correia e Luís Rodrigues; Elvas: B. Aleixo Delgado e Álvaro Mendes; Alcácer do Sal: B. Francisco de Magalhães; Borba: B. Domingos Fernandes. A baía de Tazacorte, na ilha de La Palma, testemunhou o martírio dos Quarenta Missionários lançados ao mar: 4 deles já mortos, 17 lançados vivos sem ferimentos, 15 vivos e com ferimentos, 4 deles desconhece-se, se foram lançados vivos aos mortos, pois são dados como desaparecidos. Do porto de Tazacorte, nos estivadores e marinheiros perceberam-se que algo de trágico se passava com os Jesuítas, mas nada puderam fazer, senão recolher os cadáveres dos mártires. Nesta semana que celebra a Memória dos Bem-aventurados (17 de Julho), as paróquias de Borba colocaram uma imagem do Beato Domingos Fernandes na Igreja de São Bartolomeu e inauguraram uma estátua de mármore no largo da mesma Igreja. No dia 21 de Julho, também Elvas, sob a presidência do Sr. Arcebispo de Évora, vai colocar num dos altares da Igreja de S. Domingos a imagem do Beato Aleixo Delgado, junto à imagem do Beato Álvaro Mendes, seu conterrâneo e companheiro no martírio. Aos promotores destas duas iniciativas, a todos quantos apoiaram e se uniram em oração, os nossos parabéns e as nossas felicitações. Pe. Senra Coelho

VER [+]

17/07/12

Esperando sinais de não-austeridade

Massacrados com medidas de austeridade – resultado do destempero de governos anteriores e inseridos numa mentalidade social gastadora – parece que não vemos chegar a hora das boas notícias... Encurralados por díspares atitudes de empregadores, de sindicalistas, de trabalhadores e mesmo de políticos, parece que não vivemos no mesmo país ou, pelo menos, não estamos ao mesmo ritmo psicológico e até cultural... Baralhados pelas propostas de solução, onde cada qual se reveste dos objetivos que mais lhe interessa, nem que seja confundindo as turbas para tirar proveito do mal-estar... Colocados mais ao sabor do imediato, numa sensação de que o momento presente pouco parece ter com as boas ou as más opções do passado, parecendo pode inferir-se que o futuro poderá ser melhor por arte e engenho de algum demiurgo.... Estão, no entanto, a ser dados indícios (reais ou virtuais) para a inversão do discurso da austeridade, criando, por outro lado, outros clichés mais ou menos populistas, como empreendedorismo, recuperação económica, mudança de atitude, sair do desemprego, mobilizar as forças positivas, semear esperanças... Onde e quando? *** Estando a viver uma época de (dita) crise, que tem tanto de cultural e moral como de económica ou social, onde muitas das certezas foram colocadas em causa pelos efeitos nas faixas mais vulneráveis – é preciso dizer, de fato, ‘pobres’! – da população pelo desemprego, nas tensões sociais, na precariedade na saúde e na segurança... importa mais do que fazer um diagnóstico exaustivo dos sinais negativos que, por seu turno, possamos encontrar desafios ousados e sensatos, sérios e simples, serenos e superiormente capazes de envolver o maior número de cidadãos conscientes e mesmo de cristãos comprometidos. - Sistema de poupança – mais que tentar impor um certo regime de poupança, aferindo as necessidades de consumir às possibilidades ponderadas do ter, importa que saibamos aprender a viver com o essencial e não só maledizendo quem nos possa ter obrigado a reduzir ao mínimo aquilo que deveria ter sido opção de vida. - Trabalho e não só emprego – após um tempo de faz-de-conta que ganha dinheiro sem trabalhar, temos de aprender a agradecer o dom do trabalho, que é muito mais do que o ganha-pão (pessoal ou da família) para ser, verdadeiramente, um projeto de realização humana, cultural e psicológica. - Harmonia social e política – num certo clima de azedume, de crispação e mesmo de confronto, tanto nas relações humanas como sociais – vejam-se nas notícias as facetas de negatividade com que fomos bombardeados diariamente – é urgente favorecer sinais e fatos de boa convivência – que é muito mais do que paz podre! – tanto na vizinhança como nos vários estratos da sociedade... portuguesa e até europeia. - Justiça pela caridade – citando esta frase de Santo Agostinho, gostaríamos de ir fazendo uma constante descoberta destes conceitos (humanos e, sobretudo, cristãos) para que se dê ao outro o que ele merece, por justiça, e se lhe faculte o que ele precisa, por caridade. De pouco basta fazer do Estado, o pai previdente, se não se acredita e se coloca na vida em Deus, o Pai providente. Um certo estatismo tem feito crescer muita preguiça, gerando uns certos paladinos do dito ‘Estado social’, que mais não é do que uma capa para nada fazer se não for na linha da ideologia... reinante, isto é, laica, republicana e agnóstica. *** Agora que já sabemos (quase) tudo sobre a austeridade, importa criar laços de fraternidade em que o bem comum seja mais do que uma treta de circunstância nem discurso heróico em colóquios sobre os 50 anos do Concílio Vaticano II. Temos de voltar a aprender a radicalidade do Evangelho ou tornar-nos-emos, cristamente falando, dinossaúrios de uma promessa com mais de vinte séculos... para realizar. António Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)

VER [+]

16/07/12

Deus... e o bosão de Higgs!

Em Julho de 1910, a propósito da explosão do acelerador de partículas que os cientistas da CERN tinham montado nos subterrâneos da Suiça na tentativa de encontrarem a “partícula original” que deu ordem e massa ao Universo – o “Bosão de Higgs” – escrevi e publiquei um textozito a que pus o título “A Partícula de Deus”. Ora, em 4 do mês passado, os mesmos cientistas publicaram o resultado que todos esperávamos com ânsia, dizendo que, finalmente, tinham podido encontrar a tal partícula que pode ajudá-los a descobrir como apareceu e como funciona o Universo, ou seja, o que aconteceu após o “Big Bang” ou explosão do “ovo cósmico”, também chamado “átomo inicial”. No dia 9 de Julho, o programa “Prós e Contras” da RTP 1 brindou-nos com um fabuloso debate que aproveitei do princípio ao fim, onde uma plateia de notáveis na Física, na Matemática, na Filosofia e na Teologia deram as suas achegas importantes sobre o tema, que francamente me apaixona. Gostei imenso do programa. Na sequência do que acabo de dizer, peço por isso licença aos meus leitores para voltar ao assunto. Tem-se chamado à tal partícula original a “Partícula de Deus”. Erradamente. Identificar Deus com uma partícula subatómica é um crasso e imperdoável erro que se deve não só evitar mas também condenar. Só por metáfora se poderá chamar-lhe assim. Deus não é verificável nem observável porque não é “massa” nem “matéria”. Se o fosse, já não havia mais lugar para a Fé, nem mérito algum em acreditar. Os cientistas nunca poderão encontrar Deus nas suas experiências físicas ou laboratoriais, mas também nunca conseguirão negá-LO, a não ser no momento em que conseguissem o impossível: acabar o seu trabalho e dar a explicação última de tudo quanto existe. Ora, a ciência ainda só conhece 4% do Universo; faltam ainda os outros 96%. Assim o disseram os palestrantes do “Prós e Contras”. O sucedido e verificado na experiência em causa não permite portanto a ninguém afirmar a existência de Deus, nem negar que Ele exista. A experiência feita e o resultado encontrado permitem apenas um maior conhecimento do universo material existente e uma melhor compreensão do processo físico nos momentos posteriores ao “big bang”, ou seja: a descoberta do “bosão de Higgs” apenas permite conhecer melhor porque é que o universo é como é. Dizem os entendidos que, ao expandir-se após o “big bang”, o universo experimentou um forte e brusco esfriamento que diminuiu aos poucos a energia das partículas que o compõem, e propiciou as diversas fases por que passou o mesmo universo até chegar ao seu estado actual. Pelas respostas dos arguentes do “Prós e Contras” pudemos ver que, para além e para trás da tal “partícula”, a ciência nada sabe. Uma pergunta fica e sempre ficará, para nós e também para os cientistas: Quem criou as leis da Natureza que a ciência vai descobrindo? “A ciência não pode explicar-se a si mesma”. Só a Fé nos poderá dizer alguma coisa! Resende, 10/07/12 J. Correia Duarte

VER [+]

11/07/12

O teórico que não esquece a prática

(o novo Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé) 1. Os tempos não correm fagueiros para a moderação nem, obviamente, para os moderados. No mundo e em quase todos os sectores da vida, são os extremos que predominam, agredindo-se e correndo o risco de (mutuamente) se anularem. 2. Não foi por mero ornamento retórico que Eric Hobsbawm qualificou a nossa época como sendo a «era dos extremos». Os extremos são sedutores pela (aparente) clarificação. Mas tornam-se ameaçadores pela (perigosa) simplificação. 3. Estigmatiza-se a moderação como sendo incapacidade de optar. Acontece que a autêntica moderação nasce da capacidade de fazer a síntese entre diferentes e de operar a convergência entre contrários. 4. A nomeação de Gerhard Muller para a Congregação da Doutrina da Fé parece constituir uma aposta nesta via. Além de ser um teólogo renomado, tem pautado a sua trajectória por uma apreciável dose de sensatez. 5. A missão de que foi incumbido costuma ser designada como «guardiã da ortodoxia». A sua trajectória revela que essa ortodoxia, que ele obviamente pretende guardar, nunca é separável da ortropraxia, que ele sempre mostrou priorizar. A sua proximidade com Gustavo Gutiérrez (um dos expoentes da Teologia da Libertação) indica que uma ortodoxia só é ortodoxa quando integra a ortopraxia. É por isso que Gerhard Muller diz que «a Teologia de Gutiérrez é ortodoxa porque é "prática"». 6. E até neste ponto o percurso do novo Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé é iluminador. Com efeito, Gerhard Muller é amigo pessoal de Bento XVI, tendo fundado um instituto para publicar 16 volumes de escritos do Sumo Pontífice. E, ao mesmo tempo, também é amigo pessoal de Gustavo Gutiérrez, de quem aliás foi aluno. Em conjunto escreveram o livro «Do lado dos pobres - a Teologia da Libertação», publicado em 2004. 7. Habitualmente, preocupamo-nos com os erros doutrinais. E tendemos a negligenciar a falhas vivenciais. O ortodoxo não é aquele que aprende mais doutrina, mas aquele que procura viver melhor a doutrina que aprende. As duas dimensões são importantes. Postulam-se. 8. Uma síntese não é apenas uma condensação de posições diversas. É, acima de tudo, um esforço de encontro entre visões diferentes. Uma síntese acaba por ser movimento que vai da tese para a antítese. A síntese não é, pois, o que vem após a tese e a antítese, mas o que está entre a tese e a antítese. 9. Abrir pontes onde costuma haver muros é uma missão espinhosa, mas é igualmente um trabalho estimulante. É importante que se defendam pontos de vista próprios. Mas também é salutar que não falte abertura às posições dos outros, ainda que pareçam opostas. Na procura da verdade, há certamente correcções a fazer e precisões a efectuar. Mas tais correcções e precisões devem surgir mais como um serviço fraterno do que como uma sentença inapelável. 10. Numa Igreja que se vê como um corpo (assim no-la apresentou S. Paulo), todos são portadores de um carisma, de um dom. Os carismas e os dons não são estanques. Circulam em todos e interpelam-se entre si. A verdade é sempre para procurar. Alguma vez será para possuir? Fundamental não é possuir a verdade, mas deixar-se possuir pela verdade. 11. Mantenhamos, por isso, a indispensável coerência nos princípios e não desleixemos o inadiável compromisso com a sua aplicação. Quem não ama o próximo como pode pretender amar a Deus? 12. Não separemos o que Deus uniu. Foi Deus que uniu a verdade e o amor, a doutrina e a caridade. Neste caso, querer menos que tudo é querer nada! João António Pinheiro Teixeira teólogo

VER [+]

Ao compasso do tempo - 06 de Julho de 2012

Há mais de um ano, a interrogação feita no decurso da época eleitoral, a propósito do não pagamento do subsídio de Natal, obteve uma resposta, mais ou menos, como esta: “Mas isso é uma “anedota”! Sabemos o resto da história. Os últimos tempos têm sido conturbados com acontecimentos e situações impensáveis! Por sinal, alguns deles parecidos com um passado recente. Agora, surgiu esta! Os subsídios retirados, não tiveram fundamento! Sempre discordei de atitutes menos fundamentadas. Sempre concordei com normas éticas, de justiça, de honestidade, de equidade. Muito silêncio à minha volta. Com excepção de poucos casos, menos civilizados, uma multidão de pessoas (e dum lado e doutro, todas a favor do bem) sempre sugeriu soluções respeitosas em ordem à solidez da ordem e da paz. Uma figura conhecida da política portuguesa referenciou a subtracção dos subsídios em foco como uma confiscação. Nesta noite de cinco de Julho de 2012 (data em que escrevo) seria terrível assumir-se o cerimonial da desforra. As pessoas valem muito mais que as deficiências de algumas. Entretanto, tudo parece a execução duma má sorte. Notícias de pessoas e de situações ridículas semeiam a desconfiança. Tornam mais parecida a história de hoje, com a anterior, nos seus descompassos. Mas fundamental, fundamental, é melhorar Portugal e os seus filhos. E de lembrar Sofia de Mello Breiner Andersen, nos Contos Exemplares (3.ª ed., p. 53): “Ai dos pobres! disse no seu lugar a velha criada Joana. Há sempre uma razão para lhes dizerem que não”. Lisboa, 6 de Julho de 2012 Januário Torgal Mendes Ferreira Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança Nota: Estarei ausente até Setembro. Então, ver-se-á.

VER [+]

Chamam-lhe a «Partícula de Deus»!

1. Deus está em toda a parte: no grande, no pequeno e no pequeníssimo. Até a uma partícula subatómica, extremamente difícil de localizar, deram o nome de «Partícula de Deus»! Com a sua descoberta, a ciência terá dado o último passo para chegar ao primeiro instante, aquele em que cada organismo recebe condições para existir. 2. É interessante notar como a ciência hoje acaba por ter as mesmas inquietações da filosofia de outrora. Ambas se empenham na procura da «archê», ou seja, do que está no início de tudo. É claro que a ciência actual tem recursos infinitamente maiores. Mas é significativo verificar que a direcção da procura é semelhante: o que está na origem, o que desencadeia tudo. 3. Naqueles tempos, uns achavam que era o «ar», outros a «água», outros a «terra», outros o «fogo», outros o «indeterminado» («apeiron»). No nosso tempo, a busca da «archê» tomou uma dupla orientação. A Cosmologia já identificou o momento inicial do universo: o «Big Bang». A Física acabou de localizar o elemento primordial da matéria: o «Bosão de Higgs», a partícula que dá massa às outras partículas! 4. A descoberta desta partícula corresponde, desde logo, a um postulado, a uma espécie de exigência. Há cerca de 50 anos, vários físicos procuravam uma explicação para a existência da matéria. O que é que explica que a matéria exista? 5. Sabia-se que é necessário haver uma partícula que confira massa às outras partículas. Sem essa partícula (ínfima), o universo (enorme) nunca teria surgido. Nem as galáxias, nem as estrelas, nem os planetas, nem nós, humanos. Em suma, nada do que existe existiria. A importância desta descoberta é tanto maior quanto ela era tida por impossível até há pouco. Stephen Hawking, por exemplo, chegou a apostar que tal partícula jamais seria encontrada. 6. A partícula é conhecida por duas designações. Há quem lhe chame «Bosão de Higgs» porque foi Peter Higgs e outros cinco cientistas que, em 1964, postularam a sua existência. Mas o mais curioso é que esta é também denominada «Partícula de Deus»! Tal expressão surge no título de um livro de Leon Lederman. Parece que a sua vontade era que a obra fosse intitulada «Goddamn particle»(literalmente, «o raio da partícula»). Só que o editor não aceitou. Optou-se, então, por deixar cair a segunda parte da palavra e o livro passou a chamar-se «God particle», ou seja, «Partícula de Deus»! 7. É espantoso como, também neste aspecto, subsiste uma similitude relativamente à antiguidade. Também nessa altura, o divino era postulado como a explicação última de tudo. Deus era, portanto, visto como o fundamento. Com uma subtileza refrescante, o divino era descrito por alguns como a alma do que existe. Ele é o ser que faz com que tudo seja. Daí a tendência para não categorizar o divino. Usavam-se termos como «pneuma», que tem que ver com ar, e «theós», que originalmente significa hálito! E, a bem dizer, Deus é esta «aragem» que nos cerca e este «hálito» que, vindo das alturas ou das profundezas, nos envolve. 8. O «Bosão de Higgs» será, provavelmente, um dos últimos passos que nos transporta aos primeiros instantes. As questões quanto ao «como» do funcionamento da natureza estarão à beira das respostas definitivas. Mantém-se, entretanto, a pertinência do grande «porquê». Deus não é, obviamente, uma partícula. Mas pode ser procurado a partir do estudo dessa partícula. 9. A ciência presenteia-nos, uma vez mais, com um forte «caudal». de respostas. E deixa-nos a «ponte» para continuarmos atentos às perguntas. Este é, pois, um momento prodigioso para o conhecimento humano e para o prosseguimento da escuta, da procura, do debate. Nada está arrumado. Tudo permanece cada vez mais em aberto! João António Pinheiro Teixeira teólogo

VER [+]

05/07/12

Empregada doméstica... a caminho dos altares

No passado dia 18 de junho foi dado início ao processo, em ordem à beatificação, de Salvadora del Hoyo Alonso. Esta mulher nascida em Castela, Espanha, em 1914... veio a falecer, em Roma, no ano de 2004. Viveu todo este tempo como ‘empregada doméstica’ entre Madrid e, posteriormente até à morte, em Roma. Esta mulher simples serviu, desde 1939 – época da guerra civil em Espanha – várias famílias e serviços do ‘Opus Dei’, ao qual aderiu, em 1946... tendo desde esse ano passado a viver em Roma, onde trabalhou com pessoas de todo o mundo ligadas à ‘Obra’. Atendendo à singularidade desta pessoa e da função que viveu em santificação, ousamos transcrever excertos referidos naquele ato de caminho para a glorificação nos altares. Disse o prelado do ‘Opus Dei’: «Estou cada vez mais convicto do papel fundamental que esta mulher teve e terá na vida da Igreja e da sociedade. O Senhor chamou Dora del Hoyo a ocupar-se de tarefas semelhantes àquelas que foram cumpridas por Nossa Senhora na casa de Nazaré (...). O exemplo cristão desta mulher, com a sua fidelidade à vida cristã, contribuirá para manter vivo o ideal do espírito de serviço e para difundir na nossa sociedade a importância da família, autêntica Igreja doméstica, que ela soube encarnar com o seu trabalho diário, generoso e alegre». *** Num tempo ávido de figuras com protagonismo – real, empolado ou virtual; credível, irónico ou ideal; sincero, possível ou fabricado – como que temos de intuir nesta mulher que se santificou na ‘vida doméstica’ algo mais do que a promoção de um elemento do ‘Opus Dei’, mas antes nos devemos situar diante duma cristã com lições de vida normal, nas tarefas do dia a dia e sob a condição de simplicidade sem artifícios ou armadilhas... = Quando vemos que tanta gente se encavalita para aparecer, seja qual for o palco ou mesmo o plano de difusão, torna-se urgente que se promova quem vive, por opção de vida, na sombra, embora seja mais do que a imagem projetada ao sabor dos interesses de ocasião! = Quando vemos até certos purpurados – no contexto eclesial (civil ou militar) e não só – fazerem alardo da discordância, em vez de serem promotores da concórdia, tanto na vida de proximidade como no contexto nacional, consideramos que exemplos de mulheres como esta são desafios à humildade sem rótulo nem condecoração, agora ou no futuro! = Quando vemos uns tantos indícios de assalto à família, empurrando as mães para tarefas (ditas) importantes, mas um tanto descartáveis da sua feminilidade, sentimos que esta mulher ‘a caminho dos altares’ nos dá lições de cuidado aos outros sem protagonismo nem (talvez) não usufruindo de uma remuneração correspondente à atenção aos que estavam à sua volta! *** Mesmo que duma forma um tanto simples como que podemos colher algumas lições para a nossa vida, tendo em conta o que foi dito da vida de Dora del Hoyo: - A santificação no nosso dia a dia, fazendo o trabalho que nos é dado realizar e nas condições em que somos chamados a viver; - Estar em atitude de serviço, fazendo das pequenas coisas, grandes momentos de partilha e de edificação para com os outros; - Dedicação ao trabalho – seja qual for a ‘categoria’ ou até a (pretensa) remuneração – como meio de comparticipação na obra criadora de Deus, hoje; - Viver o momento presente como etapa de maior crescimento humano, espiritual e cultural. Pelo muito que temos a aprender, queira esta venerável interceder por nós, já! António Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)

VER [+]