Jornal de Opinião

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26/08/11

Uma nova Jornada desponta à chegada

Enraizados e edificados em Cristo, jovens Aveirenses regressam ainda mais firmes na sua fé preparados para jornada feita na vida de todos os dias, nas realidades paroquiais e diocesana.

A chegada, na madrugada desta segunda-feira, 22 de Agosto, ao local de onde partiram há 11 dias, assinala o fim da peregrinação dos 245 jovens da diocese de Aveiro à Jornada Mundial da Juventude 2011, mas aponta já novos inícios, “uma nova jornada começa a partir desta aventura: começa no coração de cada jovem peregrino tocado por Jesus, nas acções que vão continuar a empreender nas suas comunidades paroquiais e na vida de todos quantos tiveram a possibilidade de participar desta experiência, como as famílias que acolheram os peregrinos de Aveiro em Córdoba” sublinha Ondina Matos, directora do Secretariado Diocesano de Pastoral Juvenil e Vocacional (SDPJV) Aveiro e responsável máxima desta participação da diocese nas JMJ de Madrid.
Em Madrid, e ao longo da Jornada, o grupo ficou alojado a sul da cidade, no complexo desportivo da Universidade Politécnica da capital espanhola. Na programação dos vários dias, os jovens cumpriram uma agenda exigente com catequeses, uma diversidade de actos litúrgicos e culturais por toda a cidade e, no dia 18, o grande encontro dos cerca de 11 mil portugueses, no Madrid Arena, com os seus Bispos. Neste mesmo dia, os jovens portugueses assistiram à chegada do Papa Bento XVI a Madrid e durante a tarde associaram-se à grande multidão que se espalhou pelas ruas de Madrid para o receber. Tiveram a oportunidade de, no dia 19, participarem na Via Crucis, celebrada por Bento XVI e, no fim-de-semana que se seguiu, 20 e 21 de Agosto, experienciaram a Vigília de Oração e a Eucaristia de Envio, respectivamente, no Aeródromo de Cuatro Vientos. Estes últimos momentos descritos eram, sem dúvida, os mais ansiados e aguardados por todos os jovens que, firmes na sua fé, resistiram a temperaturas demasiado elevadas e a ventos fortes com precipitação intensa.
Firmar a nossa Fé nos 3 dias de catequese.
“A juventud del Papa”, como se intitulavam os jovens peregrinos, transmitiu em Cuatro Vientos toda a aprendizagem que fora adquirindo na troca de experiências pessoais e culturais e, principalmente, nas catequeses a que se associaram. O grupo de peregrinos de Aveiro animou as catequeses de 17 e 19 de Agosto, na Paróquia de Santa Catarina de Sena, bem no centro de Madrid, por onde passaram jovens portugueses de Aveiro, Lisboa, Évora, Porto, Movimento Juvenil Salesiano, Brasil, Angola e Cabo-Verde.
D. Virgílio Antunes, Bispo de Coimbra, deu a conhecer à juventude aveirense “os caminhos que devem ser percorridos para se ser firme na fé, referindo a abertura de coração a Cristo, a abertura ao diálogo de proximidade e amizade dentro de nós mesmos, a entrega de doação e amor aos outros, adesão pessoal a Deus com esclarecimento cultural e intelectual e a vida em comunidade cristã, pois sem ela perdemos o encontro com Cristo”.
D. António Francisco, Bispo de Aveiro, relembrou a estes peregrinos que eles “são protagonistas da nova era missionária e que têm em mãos a capacidade de evangelizar, mostrando Cristo nos actos e nas palavras. O fruto desta evangelização só poderá ser a alegria constante, que se tornará motivadora e capaz de encher cada um do entusiasmo necessário para se tornar dinamicamente renovador. Só assim a vida se pode tornar um dom e não um fracasso.” A certeza de que “Madrid não continuará igual depois destas JMJ e as Dioceses portuguesas também não”, tornou possível o iniciar desta missão evangelizadora ainda na capital espanhola.
No dia 18 todo o grupo partilhou a emoção do grande encontro dos 11 mil jovens portugueses como os 17 Bispos presentes em Madrid. O grande Madrid Arena encheu-se do entusiasmo de uma Igreja portuguesa jovem que ouviu atentamente as palavras do Cardeal Patriarca D. José Policarpo e os testemunhos vocacionais de um casa aveirense e de um sacerdote de Coimbra.
Enraizados nas palavras do Papa Bento XVI.
Os jovens foram sendo interpelados pelas palavras proferidas pelo Papa Bento XVI. Logo à chegada o Santo Padre sublinhava que chega como “Sucessor de Pedro para confirmar todos na fé, vivendo alguns dias de intensa actividade pastoral para anunciar que Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida. Para animar o compromisso de construir o Reino de Deus no mundo, no meio de nós. Para exortar os jovens a encontrarem-se pessoalmente com Cristo Amigo e assim, radicados na sua Pessoa, converterem-se em seus fiéis seguidores e valorosas testemunhas.” Estava traçado o objectivo.
Na vigília em Cuatro Vientos, Bento XVI dirigiu-se de forma especial aos jovens de língua portuguesa, convidando cada um “a estabelecer um diálogo pessoal com Cristo, expondo-Lhe as próprias dúvidas e sobretudo escutando-O. O Senhor está aqui e chama-te! Jovens amigos, vale a pena ouvir dentro de nós a Palavra de Jesus e caminhar seguindo os seus passos. Pedi ao Senhor que vos ajude a descobrir a vossa vocação na vida e na Igreja, e a perseverar nela com alegria e fidelidade, sabendo que Ele nunca vos abandona nem atraiçoa! Ele está connosco até ao fim do mundo.”
Lembrou-nos que uma nova jornada desponta agora à chegada, quando se despediu em português, salientando que nos sente “em contracorrente no meio duma sociedade onde impera a cultura relativista que renuncia a buscar e a possuir a verdade. Mas foi para este momento da história, cheio de grandes desafios e oportunidades, que o Senhor vos mandou: para que, graças à vossa fé, continue a ressoar a Boa Nova de Cristo por toda a terra.” Este é o desafio da verdadeira jornada da vida de todos os dias.

TESTEMUNHOS DE JOVENS PEREGRINOS PELO SDPJV AVEIRO
Autocarro Ovos Moles – Paulo Capucho, Paróquia da Vera Cruz
Calor…água…Jovens…animação e muita alegria na partilha de um mesmo ideal: JESUS CRISTO!!!
As Jornadas Mundiais da Juventude Madrid 2011 foram uma experiência fantástica, um impulso para continuar esta caminhada em Cristo, de Cristo e para Cristo. É fenomenal a forma como a juventude disse SIM a mais este desafio e a esta chamada, e quer demonstrar ao Papa Bento XVI que “esta es la Juventud del Papa”.
As Jornadas não se ficam só pelos momentos marcantes que se viveram por terras de “nuestros hermanos”, mas sim em cada um de nós “Enraizados em Cristo…Firmes na Fé!”, e como o Beato João Paulo II desafiou os jovens nas JMJ Roma 2000, “Ide e incendiai o mundo com a vossa Fé!”.
Próximo desafio: Rio de Janeiro 2013…;)

Autocarro Salinas – Diana Gomes, Paróquia da Glória
Para mim, estas jornadas foram muito mais que uma simples saída para fora do país. Todo o tempo que nos foi concedido, mesmo sendo muitas vezes para o aproveitarmos livremente, ocupou-me de uma maneira incrível. Encontrarmo-nos com nós mesmos, encontrarmo-nos com os outros e encontrarmo-nos com Deus deu o seu trabalho e a sua luta, mas quando olhamos para o resultado... foi muito compensador. Durante estes 11 dias, questões como “Quem sou eu afinal?”; “Do que serei capaz?”; “Com quem poderei realmente contar para que, passo a passo, caminhe, não encontrando a solidão?” foram surgindo e, entretanto, no meio tantas vezes do silêncio, de um sorriso ou de uma lágrima, as respostas foram aparecendo. Lutar por alguém que simplesmente nos diz muito, que significa algo para nós e nos preenche interiormente, pode ser uma batalha bem difícil e, algumas vezes, carregada de lágrimas no seu decorrer. O que é certo é que foi também durante os 11 dias de jornadas que posso afirmar que valeu a pena.

Autocarro Farol – Lénia e Filipa, Paróquia de Nariz
As JMJ 2011 foram, sem dúvida, um teste aos nossos medos e limites. Conseguimos perceber que é possível suportar o calor, a chuva e o cansaço para continuar a busca do nosso farol que é Jesus Cristo. Além disso, apercebemo-nos que milhares de jovens, assim como nós, também partilham da mesma fé, acreditando neste Cristo, o Messias. Deste modo, regressamos mais fortalecidos e com a certeza de que os nossos passos irão caminhar no sentido de nos edificarmos, cada vez mais, em Cristo.

Autocarro Moliceiros – Rodrigo Santos, Paróquia de Ouca
A minha primeira experiência de JMJ começa a 11 de Agosto de 2011. Foi algo único e muito enriquecedor. Parti com algumas dúvidas mas, no regresso, trago muitas certezas. Ser cristão peregrino não é somente ir à missa e andar no grupo de jovens. Ser cristão peregrino é ter fé, acreditar e caminhar, muitas vezes, na incerteza de chegar ao que buscamos, ao que pretendemos.


ANTES DE MADRID, CÓRDOBA
De 11 a 15 de Agosto o grupo de Aveiro esteve na Diocese de Córdoba, em pré-jornadas vividas no arciprestado de Priego de Córdoba, província de Andaluzia. Nestes 5 dias no arciprestado de Priego de Córdoba os jovens viveram um programa diversificado com espaços de oração e lazer, procissões, visitas turísticas e eucaristias, onde peregrinos, famílias e os anfitriões se foram conhecendo e comungando do mesmo entusiasmo. Em Priego, Carcabuey e Almedenilla o grupo de Aveiro foi acolhido sem reservas e com um enorme entusiasmo pelas famílias, comunidades paroquiais e instituições locais. Um encontro que deixou sementes de ambos os lados, como se vem confirmando pela troca de comunicações entre as famílias, as paróquias e os jovens peregrinos de Aveiro para espalharem alegria e energia num arciprestado onde a dinâmica juvenil se confina às escolas e colégios católicos.

Secretariado Diocesano de Pastoral Juvenil e Vocacional de Aveiro




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Madrid – 16 a 21 de Agosto - Acampamento da Fé

“Esta és la juventud del Papa!”
“Jovem“, há muitos anos, participei na JMJ pela sétima vez


1- O que vi e presenciei?
Vi uma cidade de Madrid, acolhedora e bem organizada, uma gente com charme e respeitadora. Vi jovens voluntários (eram 32 mil), que não tiveram férias e esqueceram o calor e cansaço e se disponibilizaram para acolherem os milhares de jovens que aos poucos iam chegando das várias partes do mundo. Foram verdadeiros samaritanos a ajudar e acolher.

Vi a grande cidade de Madrid, ficar pequena para tantos jovens. Mas não eram uns jovens quaisquer. Eles eram diferentes, nunca se tinham conhecido antes e parece que se conheciam há muito tempo. Eles falavam inglês, italiano, espanhol, português, alemão, polaco, japonês, chinês e tantos outros idiomas.

Torre de Babel? Não. Um novo Pentecostes invadiu Madrid. Eram jovens com Esperança com horizontes de futuro e que queriam escutar e escutar-se aprofundando o lema das jornadas: “Enraizadas e edificadas em Cristo, firmes na Fé”

Vi naqueles quase dois milhões de jovens, o rosto alegre de Cristo. A sua presença fez de Madrid um macro festival da fé, da esperança e da alegria. Eles enfrentavam tudo com simpatia, fortaleza e coragem. Dormiam no chão, tomavam banhos de água fria, comiam nos pátios, nos jardins e nas ruas. Rezavam nos ginásios e nos pátios dos colégios e escolas que os acolhiam, carregavam mochilas pesadas, enfrentavam longas filas para entrar no metro, para irem à casa de banho, aguentaram a cantar e a pular temperaturas de quase 40°C, e horas de caminhada pela cidade e até uma tempestade de chuva. Sentados no chão, nas ruas e praças, esperam longas horas pelo papa e pelas celebrações. E apesar de tudo, eles sorriam, cantavam, brincavam, rezavam…

Como jovens peregrinos a caminho de uma meta, vi atitudes evangélicas e exemplo de civismo nestes jovens, que até nalgum momento ouviram palavras poucas simpáticas de militantes laicistas que se manifestavam contra a JMJ. Respeitaram, calaram, sorriram…e viveram o Evangelho oferecendo “a outra face”, respondendo com um sorriso no rosto ou um “Deus te abençoe! e “a paz esteja contigo”


2- Fomos a Madrid porque a Igreja nos convocou
Desde 1985, que através de João Paulo II, grande inventor das Jornadas, e agora com Bento XVI, que a Igreja convoca os jovens e seus animadores, para uma grande jornada bienal da Fé.

Pela sétima vez participei com cerca de 100 Jovens ligados ao MTA e à Família Teresiana.

Unidos por um mesmo ideal, aqueles milhares de jovens dissemos “SIM”T à chamada da Igreja. O papa, Bento XVI, um homem de 84 anos, Bispos de todos países, sacerdotes, religiosos e religiosas rezaram connosco, fizeram silêncio, ajoelharam, adoraram, cantaram e enfrentaram a chuva, e o calor como nós.

Eu não vi uma Igreja medieval, com ideias retrógradas, ou com um discurso moralista como às vezes se diz por aí. Eu vi uma Igreja Católica jovem, alegre, ativa e fraterna. Eu vi dois milhões de jovens ao redor do Sucessor de Pedro. Eu vi um Papa, que, mesmo debaixo de uma tempestade de chuva, não deixou os jovens sozinhos e se fez um com eles.

Experimentei uma Igreja atenta às realidades do mundo e a quem sofre.

Significativa, para mim, foi a Via-sacra, que por mim foi vivida e experimentada de forma intensa. Para carregar a cruz, símbolo da JMJ, foram escolhidos jovens com algum tipo de deficiência, provenientes de áreas de conflitos, como Terra Santa e Iraque e também alguns vindos de países que sofreram catástrofes naturais, como é o caso do Haiti e Japão. Também me causou alegria interior, sentir Bento XVI inserido no mundo e preocupado com ele, ao saber que recebeu um grupo de jovens noruegueses levando-lhes o consolo pelo duplo atentado de Oslo, que tirou a vida de 77 pessoas no dia 22 de do passado mês de Julho.

Não me passou à margem o conteúdo da mochila que nos ofereceram:
Uma cerveja sem álcool, (estava o recado dado), o catecismo jovem da Igreja católica, o “Woucat”, (recebi-o em Português), o livro do peregrino, com toda a liturgia destes dias, o Evangelho de S. Mateus em várias línguas, uma “caixa de Comprimidos” com um crucifixo dentro, a lembrar-nos que a cruz é o melhor remédio e tantas outras coisas que nos motivavam para o verdadeiro sentido da JMJ: Fazer daqueles seis dias tempo único e muito rico para toda a Igreja e, consequentemente, para o mundo, que presencia a busca da juventude pelo que não passa: Deus!


3- Bento XVI indicou aos jovens o caminho da autêntica Fé em Cristo e na igreja

As palavras e discursos de Bento XVI, em Madrid, estão aí em tantos sites cristãos e não só. Têm que ser agora reflectidas e vividas pelos jovens dos movimentos e grupos católicos. O cansaço desses dias não nos deixou assimilar tudo. Partilho aqui, em primeira mão, as que me tocaram a mim e aos cerca de 100 jovens do MTA e da Família Teresiana, que comigo partilharam estes dias e que fomos partilhando nesse grande acampamento da Fé. O Santo Padre fez um apelo aos jovens católicos de todo o mundo para que testemunhem a sua fé publicamente, mesmo em “lugares onde prevaleça a rejeição ou a indiferença”.

Disse, também, que “a Fé vai mais longe que os simples dados empíricos ou históricos, e é capaz de apreender o mistério da pessoa de Cristo na sua profundidade”.
Frisou que “a fé não é fruto do esforço do homem, da sua razão, mas é um dom de Deus”…

“É impossível encontrar Cristo, e não O dar a conhecer aos outros. Por isso, não guardeis Cristo para vós mesmos. Comunicai aos outros a alegria da vossa fé. O mundo necessita do testemunho da vossa fé; necessita, sem dúvida, de Deus”, declarou.
Em português, o Papa convidou cada um a “estabelecer um diálogo pessoal com Cristo, expondo-lhe as próprias dúvidas e sobretudo escutando-O”.


4- E depois da JMJ?

Acabou o Acampamento da Fé em Madrid e a festa da alegria e do testemunho dos jovens cristãos de todo o mundo. É hora de ir e de fazer vivas e atuantes as palavras do Pastor da Igreja Universal, o Santo Padre o Papa Bento XVI. Temos, todos nós, jovens e adultos, de dar primazia a Deus na nossa vida e testemunhar a nossa Fé empenhando-nos no serviço gratuito, no Amor e serviço à Vida em todas as suas realidades.

Seremos santos se transformarmos em vida as palavras de Bento XVI:
“Se permanecerdes no amor de Cristo, radicados na fé, encontrareis, mesmo no meio de contrariedades e sofrimentos, a fonte do júbilo e a alegria. A fé não se opõe aos vossos ideais mais altos; pelo contrário, exalta-os e aperfeiçoa-os. Queridos jovens, não vos conformeis com nada menos do que a Verdade e o Amor, não vos conformeis com nada menos do que Cristo.”

Caminhemos
sem medo de sermos
testemunhas da
Esperança
Cristo jamais nos faltará.

Maria de Fátima Magalhães stj


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