Jornal de Opinião

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13/12/10

Dez provocações simples ... em época de Natal

Por estes dias escrevi, em jeito de partilha, uma breve mensagem a uma pessoa que muito estimo, deixando-lhe dez perguntas à guisa de provocação:

- É, verdadeiramente, feliz?
- Sente que faz os outros felizes?
- Tem aproveitado as oportunidades da vida e as que Deus lhe concedeu?
- Seria capaz de escolher três pessoas essenciais na sua vida?
- Quais serão as pessoas mais detestáveis (até cinco) da sua vida?
- Tem cuidado da sua saúde?
- Se tivesse de pedir ajuda a alguém – sobretudo numa questão de saúde – a quem recorreria?
- Se lhe pedissem algum órgão para doar estaria disponível para considerar a hipótese?
- Considera que acreditar em Deus é mais do que uma crença?
- Dos anos que viveu -- sobretudo nos últimos dez -- aponte dois acontecimentos mais significativos?

Ora, partindo destas questões um tanto genéricas, mas fundamentais, tentaremos abordar aspectos que nos podem escapar por entre a azáfama das tralhas pré-Natais.

. Onde começa a felicidade?
Não deixa de ser oportuno recordar aqui essa pergunta de um orador americano, que no decorrer de uma palestra, interpela uma senhora, questionando: ‘o seu marido fá-la feliz?’ O visado fica estupefacto com a possível resposta da esposa. Esta responde: ‘não’! Então o orador ripostou: ‘Por quê?’ Ela responde: ‘Porque se eu não for feliz, ele não me faz feliz’!
De facto, a felicidade não está fora de nós nem os outros nos podem ajudar a sermos felizes, se nós não formos felizes intrinsecamente. Assim se compreende que haja tanta gente em busca da felicidade falhada em em corropio de novos falhanços, pois ela tem de começar em nós mesmos e só depois os outros nos poderão ajudar a construir a felicidade à nossa volta, com eles e para eles.

. Aproveitar as oportunidades, perdoando e sendo perdoados
Ao longo da nossa (breve ou longa) vida há imensas oportunidades que podemos aproveitar ou, desgraçadamente, temos talvez desaproveitado. Quantas vezes só anos mais tarde percebemos por onde era melhor ter ido, mas já é (foi) um tanto a destempo.
Para quem acredita na condução de Deus na sua vida, podemos (e devemos) tentar discernir a vontade de Deus através dos pequenos sinais no nosso dia a dia. De forma simples e dinâmica Deus está, muitas vezes, envolto em linguagem misteriosa – isto é, só entendível à luz da fé – e quantas outras vezes numa disposição que exige confiança e abertura à paciência em nós, para connosco e uns para com os outros.
Efectivamente, têm (terão) passado pela vida de cada um de nós muitas pessoas que nos foram marcando positiva ou negativamente a umas temos de agradecer e as outras de perdoar, mas sempre aprendendo, na escola da vida, que ninguém passou por nós ao acaso... Nem nós teremos (temos) passado por outros sem nexo ou significado.

. Que saúde, afinal, cultivamos?
Numa época em que a saúde física ocupa muitas das preocupações dos nossos concidadãos, urge questionarmos sobre o alcance – pessoal e social – de outras facetas de saúde, tais como a dimensão psicológica e até a vertente espiritual. Nós somos muito mais do que um mero aglomerado de células ou órgãos minimamente coordenados. Nós somos algo mais do que a conjugação (mais ou menos) harmoniosa de certas funções vitais. Nós somos, pela complexidade do nosso ser, o que há de mais digno da presença de Deus sobre a Terra, mas que, quando degrado, se pode tornar o mais nefasto para todos e a até para o Planeta.
Diante desta complexidade psicossomática não nos podemos restringir à mera corporeidade – mesmo que cuidando bem da carcaça! – mas temos de (con)viver com a dimensão de simbiose de todas as facetas da nossa dimensão pessoal: psicológica, ético/moral e espiritual. Talvez, na medida em que formos aceitando as nossas fissuras somáticas, entenderemos melhor os anseios do nosso ser psicológico-espiritual... menos hedonista e mais apto à descoberta da dimensão eterna.
Em tempo de Natal tentemos aprofundar aquilo que somos mais do que satisfazer aquilo que desejamos.

A. Sílvio Couto
(asilviocouto@gmail.com)


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