Jornal de Opinião

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15/11/10

Não é com greves que recuperamos o país

Este mês de Novembro está sob o ciclo das questões de economia, tanto da do trabalho como da contestação.

De facto, mesmo que estrebuchando o país está na ‘bancarrota’ – não que a banca esteja rota – mas que as finanças do Estado é que faliram... e poucos assumem as suas culpas nem aceitam as consequências dos seus actos. Por isso, como que soa a ridículo que se faça uma jornada de greve geral, quando o que era preciso seria mobilizar o país – população, instituições, partidos, empregados e empregadores – para a recuperação.
Vamos, no entanto, por partes:

+ Os outros não nos levam a sério
Efectivamente, o mercado – outros preferem chamar-lhes os especuladores – não reagiu bem à aprovação do Orçamento de Estado, tendo subido a taxa de juros dos empréstimos que nos querem cobrar. Pudera! Quem seria capaz de ver seriedade num Parlamento onde os quem fazem acordos de viabilização do OE 2011 se ofendem e degladiam daquela forma que vimos entre os dois maiores partidos portugueses? Mais pareciam dois galos à guerra numa capoeira do que gente civilizada a tentar resolver os problemas do país!
É triste a figura que damos àqueles que nos vêem em conflitos de interesses e com isso vamos degradando a economia. Somos uma espécie de país de gente pequena que não olha a meio para atingir os seus fins, mesmo os mais mesquinhos, corporativos e egoístas.
Em vez de nos unirmos para fazer ressurgir o que ainda resta, vendemos a alma aos chineses, pois estes têm dinheiro capaz de nos enfeitiçar, mesmo que isso implique calar a voz da razão nos ofensas aos direitos humanos mínimos.

+ Não acreditamos em nós mesmos
Parece que há múltiplos interesses quando os protestos sobem de tom. Olhamos para o resto da Europa e vemos que cresce a capacidade económico-financeira, enquanto nós vemos, cada dia, surgir mais e mais casos de pobreza e de falências, de desemprego e de corte nos subsídios... Todos se colam à crise, mas pouco ou nada se corta nas extravagâncias. Como é possível que se encham estádios de futebol com bilhetes a mais de duzentos euros e dizem que há crise? Como é possível encher hipermercados aos domingos à tarde para compras, se tudo tem de ser pago a pronto ou, no mínimo, a crédito? Como é possível ver o confronto com casos de miséria ao lado de exibições de novo-riquismo em automóveis e comezainas?
Nem as declarações de apelo à verdade dos nossos bispos parecem ofender a consciência crispada de tantos dos nossos concidadãos. Corre sobre a nossa cabeça uma espécie de maldição, pois não nos assumimos como pobres e empobrecidos, mas antes tentamos culpar os outros pelas falhas do sistema... fiscal, educativo, financeiro, político, etc.

+ Mobilizar-se para a luta em trabalho... solidário
A quem interessa apresentar um país onde o trabalho da luta não é substituído pela luta do trabalho? A quem interessa abespinhar em vez de unir? A quem interessa limpar as culpa sem encontrar os culpados? A quem interessa favorecer os preguiçosos em vez de incentivar o trabalho? A quem interessa promover greves e manifestações – porventura legais mas ilícitas! – em vez de incentivar a solidariedade na construção do bem comum?
Urge, por isso, dizer: há políticos que não merecem ser ouvidos, pois legalmente mentem e não não chamados à responsabilidade cívica... muito antes das votações. Há pessoas que são culpadas do estado do país e continuam com tempo de antena afagando o seu ego incoerente. Há situações que exigem, urgentemente, ruptura com a mentira e a falsidade.
Mais do que o inferno dos outros precisamos de construir um céu de confiança com os outros, já!

António Sílvio Couto
(asilviocouto@gmail.com)


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