Jornal de Opinião

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28/10/10

Praticantes... não praticantes!

Na roda do tempo e no ciclo da vida, Novembro voltou.

O vento, cumprindo a sua missão, abana persistente o arvoredo e, num verdadeiro “streap tease” instintivo e desregrado, vai despindo a pouco e pouco as plantas e os arbustos dos vaidosos enfeites primaveris. Prados, bosques e jardins, pejados de nostalgia e de saudade, tornam-se verdadeiros tapetes irisados de tortulhos serôdios e de fólios moribundos. Aproveitando o mal dos outros e vingando-se de lhes terem roubado os filhos, as vinhas vestem-se agora de cores exóticas, de um amarelo de dor e de saudade a um vermelho vivo de fogo e de rubi.

Como sabemos, estes rubores e atavios são fugazes e efémeros. Mais alguns dias, e tudo desaparece.

Vem isto a propósito do chamado Mês das Almas.

A Igreja, mãe e mestra, há muito escolheu este mês de Outono para nos lembrar a todos a realidade da vida, que é também efémera, fugaz e contingente e para nos interrogar a todos sobre a nossa forma de pensar e de viver.

Sempre me impressionou o facto de haver pessoas preocupadas com a sua salvação e pessoas totalmente desinteressadas nesse assunto.

Dir-me-ão que é uma questão de fé… e eu concordo.

Se eu não crer na vida eterna, porque hei-de eu preocupar-me com ela?

Nos tempos que vivemos (e sempre foi um pouco assim, embora menos, muito menos noutros tempos), vejo cristãos a participar cuidadosamente na Eucaristia de cada Domingo e até de cada dia, a purificar-se com frequência das suas faltas no sacramento da Confissão, a rezar todos os dias (muitas mantêm uma contínua e feliz intimidade com Jesus), e a escutar com muito cuidado a Palavra de Deus; mas, ao invés, encontro muitos mais que não dão importância nenhuma a essas coisas, reduzindo a sua vida ao trabalho, à comida e ao divertimento.

Sabemos todos que a grande massa de cristãos do nosso país vive completamente desligada de Deus e da Vida Cristã e totalmente desinteressada da Igreja e das suas celebrações. E também sabemos que há muitos que se julgam tão cheios de razão no seu desleixo e no seu desinteresse, que até chegam a ridicularizar os colegas e os vizinhos que procuram ser fiéis na sua fé.

Neste ambiente assim, de laicismo, relativismo e indiferentismo, é cada vez mais difícil alguém permanecer fiel a Deus, à sua Fé e aos seus compromissos baptismais.

Nesta observação que eu faço, pergunto muitas vezes a mim próprio: Porquê esta diferença entre as pessoas? Onde está a causa? De quem é a culpa? E comento comigo próprio: no meio disto tudo, alguém está certo…e alguém anda enganado! Em atitudes tão diversas e tão opostas, não podem estar todos em bom procedimento! Não podem estar todos igualmente de boa relação com Deus e com a sua Consciência! Não podem todos ter o mesmo fim e o mesmo prémio.

A ajudar-me na minha meditação, recordo duas afirmações de Jesus: “Quando o Filho do Homem vier, encontrará ainda alguma Fé sobre a Terra”... “Só quem for fiel até ao fim, se salvará”!

Para além destas sérias palavras divinais, um dia destes encontrei um texto do Profeta Malaquias que muito pode ajudar os que “crêem” e “praticam”: não só os actos litúrgicos que celebram nos templos em adoração a Deus, mas também a caridade com os seus semelhantes que procuram viver no seu dia a dia. Transcrevo-o, para meditação de todos os leitores.

“Diz o Senhor: -Vós dissestes: É tempo perdido servir a Deus! Que aproveita a alguém cumprir os Seus Preceitos? Por isso, agora, chamamos felizes aos soberbos, que praticam o mal e prosperam, que provocam a Deus e ficam impunes!

Então, diante de Deus foi escrito um livro que conserva a memória daqueles que O temem e respeitam o Seu nome. No dia que Eu preparo – diz o Senhor do Universo – eles serão minha propriedade. Terei compaixão deles como um pai se compadece de um filho obediente. Então, vereis a diferença entre aquele que procura e serve a Deus e aquele que não O serve. Porque vai chegar o dia, ardente como uma fornalha, e serão como palha todos os malfeitores. O dia que há-de vir os abrasará, diz o senhor do Universo, e não lhes deixará raiz nem ramos. Mas, para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo a salvação nos seus raios.”(Malaq. 3,1-4,6)
Nada mais é preciso dizer.
Só poderei acrescentar:
Felizes os que procuram o Senhor… e O amam com todo o seu coração.

Resende, 2 de Novembro/2010
J. CORREIA DUARTE

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