Jornal de Opinião

São muitos os textos enviados para a Agência Ecclesia com pedido de publicação. De diferentes personalidades e contextos sociais e eclesiais, o seu conteúdo é exclusivamente da responsabilidade dos seus autores. São esses textos que aqui se publicam, sem que afectem critérios editoriais da Agência Ecclesia. Trata-se de um espaço de divulgação da opinião assinada e assumida, contribuindo para o debate de ideias, que a internet possibilita.

18/09/10

Compasso do Tempo de 17 de Setembro de 2010

Há “invisíveis sociais”: trabalhadores de toda a ordem, soldados desconhecidos, puros de coração, convictos e coerentes, desgraçados, esquecidos…

Ninguém dá por eles nem os próprios tentaram dar nas vistas. Basta-lhes a luz. Que culpas têm, se o olhar dos outros está virado para coisas menores?!
Há “invisíveis” só vistos por certos meios. Pelas convicções, pela fé, pelo cuidado, pela sensibilidade. Mas, apesar da desproporção reinante, há numerosíssimas pessoas e grupos que fizeram da fome dos outros, a sua preocupação.
Mesmo, no domínio da investigação científica, os problemas do salário e do despojamento, das expectativas e das obras a criar, dos jardins de infância e dos centros sociais, ocupam lugar cimeiro.
Se alguém, no decurso desta semana, teve a dita de participar nas “Jornadas Sociais” da Conferência Episcopal, ter-se-á dado conta do que comento.
Com o maior respeito por todos os comunicadores, “assino por baixo” a minha impressão: bastava ter ouvido o Professor Bruto da Costa, para um certo número de sábios e transformadores sociais ficarem bem mais pequeninos…!
A análise de princípios da doutrina social, desde os referentes à propriedade privada e ao seu não absolutismo, aos direitos negativos e positivos, à restauração da dignidade perdida e desrespeitada, ao primado dos mais abandonados e à denúncia do fatalismo da desgraça (perspectivas estas são basilares) foi suficiente para se concluir como o nosso “património moral” é posto de lado, por desconhecimento ou irresponsabilidade. Quando, eventualmente, se anunciam novas austeridades por motivo do crescimento da dívida pública (austeridades essas aconselhadas por peritos de outros países), temos todos a obrigação de perguntar: como será, cada vez mais, a vida de pessoas que foram forçadas em Portugal, quase desde sempre, a nada ou a pouco possuir?
Fora da época de publicidades e de promessas, não há tempo a perder para salvarmos com soluções verdadeiras, os “invisíveis sociais” mais injustificados.

D. Januário Torgal Ferreira

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