Jornal de Opinião

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26/09/12

E depois de 15 de Setembro?

Pelo significado social, político e histórico, o dia 15 de Setembro de 2012 vai marcar os próximos tempos, sejam quais forem os resultados... na condução da nossa vida coletiva. De fato, as manifestações em várias cidades do país quiseram dizer que algo vai mal no subterrâneo da nossa democracia. E nem as diabruras de uns tantos infiltrados para criarem incidentes nos podem distrair do que está – e possivelmente continuará a estar por largos meses – em causa. Numa análise ainda um tanto incipiente parece-nos que devemos encontrar prós e contras – numa espécie de paralelo – naquilo que aconteceu... e, tal como em tudo na vida, podemos e devemos encontrar leituras diversas, questionando-nos e sendo questionados. = Sinais em favor As dificuldades economico/financeiras das pessoas, das famílias e das empresas são graves. O silêncio sepulcral em esta(va)mos a viver tinha de ser sacudido. Quem cala nem sempre consente! A diversidade de intervenientes, desde crianças até famílias inteiras, percorrendo um largo espetro de desempregados e de jovens à procura de emprego... num leque diversificado e atento ao (seu) futuro a curto e médio prazo. Muito para além dos números dos sem rostos – tais foram já outros falhanços das convocações via redes sociais – houve que tenha tido a ousadia de sair de casa, acreditando que todos temos uma palavra a dizer sobre o nosso futuro coletivo. Num país pouco politizado para defender os interesses comuns, vimos pessoas que estão atentas ao futuro das gerações vindouras, trazendo-as também à liça da participação mais consciente. = Leituras de apreensão Mais do que o número de pessoas que veio para a rua foi um tom algo exaltado – mesmo por entre ‘elogios’ medíocres para o bom comportamento (dito) cívico dos manifestantes – e revivalista do tempo do prec... no distante verão de 75. Até algumas palavras de ordem soavam àquela época! Vimos muita gente mais interessada nas suas regalias e obejtivos do que pessoas preocupadas com o futuro do país, pois podemos deitar a perder com a multiplicação de iniciativas idênticas a credibilidade conseguida junto dos nossos emprestadores... internacionais. De algum modo foi triste – e talvez preocupante para novos protestos – vermos agressividade semeada por gente que se esconde por trás de caras encobertas e à sombra gera barulho, provocação às autoridades e propensa à destruição... A Grécia pode repetir-se em Portugal! Seria desagradável e incontrolável... Numa espécie de associação na desgraça não havia necessidade de vermos certos aproveitamentos – sindicais, partidários, grupais e de lóbi – por entre os que se quiseram manifestar, pois nem sempre a desgraça alheia pode servir de cobertura aos protagonismos mais interesseiros. = Que futuro? Cremos que já basta de culparmos os outros – embora haja quem seja culpado e não o assuma! – para nos desculparmos pelos nossos insucessos pessoais e coletivos, familiares ou profissonais, pois da assumpção da culpa poderemos encontrar o caminho a seguir. Ainda não vimos – cristamente falando – quem tente fundamentar nos valores dos Evangelho, clara e distintamente, a solução dos nossos problemas mais sérios. Vamos ouvindo frases e chavões de teor mais reivindicativo do que profético, pois denunciar não basta, se não nos comprometermos na solução... proposta. Temos de aprender a viver na simplicidade – evangelicamente diz-se ‘pobreza’ – de vida escolhida e não no azedume contra a austeridade. Esta é-nos imposta, enquanto aquela pode fazermos viver com o essencial sem esbanjamento nem consumismo de faz-de-conta. Verdade a quantos nos obrigas! António Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)

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