Jornal de Opinião

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11/04/11

Prioridades em relação aos danos do álcool

Se perguntar a qualquer pessoa o que lhe vem à ideia quando se fala em álcool, ficará surpreendido com algumas respostas.
Pode ir desde de vício a bêbado. Também pode ir ter “a beber muito”, “alcoolismo”, “a taberna”, etc. Raramente irá referir as milhares de crianças deficientes por as mães terem bebido, mesmo pouco, durante a gravidez. Também raramente irá dar aos tribunais da família e de menores onde mais de 70% dos casos de violência contra crianças têm nos seus factores principais o consumo do álcool (nem sempre excessivo ou de bebedeira).
Poucos por cento pensam que os custos ou danos do álcool são equiparados ou superiores ao chamados “empregos para muita gente e dinheiros do álcool para o país e para o Estado”. Mas se se pudessem contabilizar os custos do sofrimentos as violências nas famílias, mortes de milhares de familiares queridos na estrada, e nas casas de famílias e nas ruas, devido ao consumo de álcool, os custos seriam incalculáveis. Digo consumo, não necessariamente embriaguez como muitos logo pensam.
Menos pessoas ainda pensam que o problema maior do consumo do álcool não é para os consumidores mas para terceiros, para os que não bebem. Muitos ainda nem sequer pensam que se devia começar por aí a prevenção dos problemas e danos do álcool e que isso poderia ajudar os dependentes a sair do problema.
Mas grande é o número de pessoas e mesmo com formação universitária com ideias antiquadas sobre os problemas do álcool que datam do século XIX e que nem sequer incluem o factor publicidades e patrocínios dos desporto e de festas feitas pelas marcas de bebidas alcoólicas. E apenas sequer algum pensará que as bebidas alcoólicas são uma área de grande corrupção de políticos e de decisores a nível dos parlamentos nacionais e europeu.
A maior parte dos chamados investigadores das universidades “bastante formatados e com antolhos” só faz investigação orientada para “os coitadinhos dos alcoólicos”, já muito destruídos pelo álcool, e esperemos que não seja com dinheiros da indústria do álcool. Desligam, como sem importância, as suas investigações das festas com grandes quantidades de bebidas alcoólicas facilitadas pelas marcas; silenciam o beber dos jovens de mais de 4-5 bebidas numa “sessão”, de duas a três horas, uma vez na semana, todas as semanas em todas as festas, várias vezes por mês, etc. Como se não fosse aí que começam todos desvios. Poucos insistem no que seriam critérios científicos de quantidade precisa por dia do consumo de menos risco.
Muitos técnicos de saúde são mais bombeiros de incêndios do álcool do que promotores de vidas e saúde sem os estragos do álcool. Se perguntasse quais serão as prioridades de intervenção para reduzir os danos monstruosos do consumo do álcool em Portugal e na Europa, possivelmente, poucos considerariam a publicidade, a idade legal de adquirir e consumir, os danos para terceiros, os patrocínios de marcas de álcool, rótulos de alerta nas garrafas (é um produto de consumo perigosos, é o 3º factor que mais mata em Portugal e na Europa). Nos rótulos devia estar indicado o álcool puro, as calorias, o alerta para as grávidas, para os condutores.
Voltaremos a algumas prioridades para a redução dos danos do álcool.

Funchal, 09.04.11/Aires Gameiro


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