Jornal de Opinião

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11/03/11

Conflito e agressividade como cultura. Cura Quaresmal

Há mais de dois séculos que na Europa os políticos e seus governantes foram desenvolvendo a cultura do conflito. Não falo do conflito de ideias plurais expostas para conseguir um entendimento mais alargado. Aqui trata-se do conflito defendido como a cultura a manter e desenvolver com agressividade violenta a que não falta algum leque de orgulho cego, ódios, vinganças nem sempre admitidas.

As medidas governativas cultivam a cultura do conflito ideológico, religioso, de direita, de esquerda, económico…Esta matriz do conflito como matriz vai-se reproduzindo como divisionismos, separações, guerras, etc. Os conflitos sociais sempre existiram mas a partir do séc. XVII agudizaram-se e foram transformados e justificados como sistema de pretensões científicas. Nas lutas das fases da Revolução Francesa, das lutas liberais, republicanas, comunistas, nazistas e nas actuais dos secularismos, esta cultura é omnipresente. São ideologias ateias, anti-religiosas, anti-Igreja Católica, e anti-mais qualquer coisa, sempre à procura de um mundo mais justo e fraterno e tantas vezes a deixá-lo mais violento, injusto e esgotado. Por vezes até se chama democracia a esta cultura…Lutas de galos em que um procura acabar com o outro. O resultado mais frequente deste conflito-cultura, defendido e justificado com argumentos da “ciência” de turno é levar a bancas-rotas maiores que as encontradas e mais sofrimento humano que aquele que diziam querer reduzir. Foi assim por 1789, por 1820-1890, por 1910-1917 e está a ser assim hoje no pós Maio de 1968 e 25 de Abril..
Poucos são os exemplos de entendimento anti-conflito: União Europeia, Organismos da ONU, CPLP, Muro de Berlim 1989, G8, G20... e alguns mais. Predomina esta cultura, aumentada e incendiada todos os dias em Portugal com mais análises pretensamente científicas, que provam tudo, e actualmente conflito, felizmente sem guerra aberta. Mas não se analisam as doenças espirituais que fazem medrar tal cultura. Provavelmente as pessoas e grupos seus protagonistas mais directos não poderiam ser acreditados por nenhuma organização de acreditação da qualidade. De resto, repete-se, todos têm desenvolvido esta cultura de conflito revangista com os seus aplausos e prática desde há quarenta anos.
Não seria de tornar esta Quaresma um tempo de cura das doenças envolvidas nela? Então o conflito agressivo e destrutivo de um país merece o estatuto de cultura? Então este orgulho cego dos contendentes não é uma doença grave? Então os ruídos diários abertos e difusos não estão a multiplicar este vírus de ressentimentos, ódios, hostilidade, vingança e destruição do país? As terapêuticas estão acima das capacidades humanas mas dão pelo nome de humildade, reconciliação até ao entendimento nacional. São curas de auto-administração mas Quem as poderia prescrever nesta Quaresma? Talvez a Igreja pudesse sugerir o Médico e uma Quaresma de reconciliação pela oração, arrependimento, perdão. A cura-conversão pessoal e social é difícil na verdade. Mas, e alternativas? Mais destruição de um país e mais sofrimentos para os cidadãos. Não, o conflito hostil, ressentido, à base de ódio e orgulho não é cultura. É caminho de caos, banca-rota e morte. Venha a cura antes que Portugal… se acabe!
Quarta-feira de Cinzas, 9 de Março de 2011
Aires Gameiro

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