O drama de famílias inteiras no desemprego
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), há cerca de 450 mil pessoas, entre os 18 e os 59 anos, que vivem em agregados familiares onde nenhum dos elementos tem trabalho.
Atentendo a certas referências, sobretudo do âmbito sindical, essa maioria de famílias é composta por casais que têm o ensino básico, embora os filhos não consigam ultrapassar essa mesma fasquia de instrução.
Se tivermos ainda em conta os cerca de oitocentos mil desempregados, onde nem 40% recebe o subsídio de desemprego, poderemos considerar que há fortes indícios de colapso social em Portugal a curto prazo e perceberemos que a conflitualidade irá crescer, na medida em que estes mais desfavorecidos estarão à mercê da manipulação de forças político-sindicais eivadas de esquerdismo – eufemisticamente apelidado de ‘Estado social’ – mas vazias de soluções... integradas e integradoras. Por outro lado, já vemos pulular uma certa economia paralela – com biscates de circunstância e trabalho feito sem passar recibo – onde alguns dos proscritos da subsidio-dependência irão refugiar-se para sobreviverem...
= Fome a quanto obrigas!
Nesta etapa da nossa crise, vemos crescer a teoria do desenrascanço – tão portuguesa, quão subdesenvolvida! – tentando fintar a prestação de contas e/ou crescendo à custa da incapacidade de resolver as questões mais necessárias à mistura com o engano da tentativa de resolução dos problemas mais urgentes... mas nem sempre os mais necessários.
- Por vezes temos de ser sagazes para não nos deixarmos enganar com (intensas) lamúrias, pois há casos em que, as cores carregadas de miséria, encobrem a negligência (pessoal ou familiar) em assumirem as consequências dos actos mal avaliados.
- Quantas vezes as pessoas não têm (mais ou menos objectivamente) capacidade em suportar as obrigações essenciais – renda de casa, prestação de cuidados na educação dos filhos ou gastos de electricidade ou de água – mas ostentam telemóveis do último grito – sempre desactualizado à luz da panóplia publicitária – ou tresandam a tabaco... quais necessidades prioritárias, mas escusadas.
- Nalgumas situações a solicitação de ajuda parece um tanto viciada na forma e, sobretudo, no conteúdo, pois é procurada à rebelia da consciência da fé que lhe presta tal suporte... A função reivindicativa corre (mesmo) o risco de se sobrepor à dimensão caritativa, podendo as instâncias da Igreja não passarem de correias de transmissão de sectores (mais ou menos preguiçosos) da componente social do Estado.
Se bem que a fome não tenha cor ou etnia, religião ou partido, idade ou condição social... importa saber quem nos pode explorar – podemos até estar a fazer figura de parvos, mas que o seja conscientemente! – abjurando a dimensão da fé praticada. Com efeito, a educação não se compadece com ingratidão nem mesmo a falsidade pode ser confundida com oportunismo.
+ Neste contexto, a Igreja católica terá de saber discernir se está a entreter o (seu) tempo com acções sociais que competiam ao Estado... pois nos cobra os impostos e aligeira as suas obrigações.
+ Teremos, urgentemente, de saber escolher, pela simbologia de intervenção, os campos de acção que nos deixem espaço para o anúncio de Cristo – mesmo distribuindo migalhas da mesa dos ricos fanfarrões – sem nos submetermos ao assistencialismo estatal ou quebrando as rotinas do fichamento dos socorridos.
+ De facto, o mais pequeno contributo em pão deverá ser oportunidade de saciar a fome de vivência da nossa humanização... em maturidade crescente.
Sabendo salvaguardar a nossa identidade saberemos prosseguir a nossa missão... cristã.
A. Sílvio Couto
(asilviocouto@gmail.com)
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