50 anos da Paróquia da Graça: nova Capela da Casa de Saúde S. João de Deus (2)
Servindo-me das notas do Irmão Manuel Maria Gonçalves, fundador e primeiro superior (1922-1928) da comunidade e Casa de S. João de Deus (Hospitalidade,nº 106, Abr-Jun, 1962) e das Actas dos Capítulos deixo uma nota sobre a nova capela da Casa de Saúde até 1941.
«Nos primeiros tempos continuou-se a fazer o serviço religioso na primitiva capela, mas esta, em breve se tornou insuficiente». A Comunidade da Ordem Hospitaleira teve erecção canónica a 10.10.1922; e, após adaptações do solar da Quinta, entraram alguns doentes e em 14 de Maio de 1924, os 38 transferidos de «Câmara Pestana».A inauguração oficial foi feita a 10.08.1924 e após essa data os Irmãos pensaram construir uma capela maior, acabada pelo ano de 1935. Como os Irmãos não tinham possibilidades de a construir com recursos próprios e ela devia ser semi-pública, recorreram aos fiéis e de todas as partes da ilha começaram a fluir donativos.
A Acta da Reunião Conventual de 04 e 05 Dezembro 1931, presidida pelo Ir. Provincial, Irmão Júlio dos Santos «apresentou cópia da planta da Clausura e da Capela já aprovada». E na reunião de 5.02.1933 a Comunidade decidiu colocar um quadro de azulejo de S. João de Deus por cima da porta de entrada da Capela e comprar três capas de asperges: preta, verde e roxa; por ainda não haver destas cores. E ainda nesse ano na Reunião de 03.09.1933, sendo já superior da Casa o Irmão Cassiano Maria Natal, foi decidido construir um gradeamento entre o Caminho [do Trapiche] e a Capela e ajardinar o espaço intermédio.
Aos tempos difíceis respondeu a grande generosidade do povo da Madeira. «Graças à abundância de donativos e à boa orientação dos serviços de direcção, em breve se deu por concluída uma capela que, tanto pelas suas dimensões como pelo seu real valor, não é nada inferior a muitas igrejas paroquias. O seu estilo é bastante original, sobretudo por causa do formato do tecto, que dá a ideia de tabuleiro de xadrez, cujas linhas divisórias são formadas por grossas vigas de cimento em relevo». A superfície interior é de quase 300 m2 em forma de T, sendo a parte transversal de um lado reservada ao coro dos doentes e do outro ao coro comunidade. As capelas inseridas nos hospitais e Casas de Saúde sempre tiveram a nota característica de serem abertura para a comunidade. Isso era particularmente significativo num tempo em que havia grande medo dos doentes e o desejo dominante de os tratar em reclusão. Nas capelas/igrejas da Ordem contava-se sempre com o público. A Ordem, canonicamente isenta, conseguia dos bispos do lugar autorização para serem frequentadas pelos fiéis dos arredores. Por isso continua o Irmão Manuel Maria: «a parte central é reservada ao público e tem ao fundo, num plano superior, o coro para os cantores. A sacristia fica situada atrás do altar-mor e, ao lado da porta principal, junto do adro, fica uma alta e esbelta torre com dois sinos e um relógio de quatro quadrantes. Tem altar-mor e dois laterais, um dedicado ao Sagrado Coração de Jesus e outro a Nossa Senhora de Fátima».
A cobertura da capela era em terraço, sem telhado e o tecto em forma «de tabuleiro de xadrez, cujas linhas divisórias são formadas por grossas vigas de cimento em relevo» para o interior. Na reunião de 07.01.1934 foi decidido alargar o estreito Caminho do Trapiche desde o portão à entrada da nova Capela; e em 01.06.1934, há uma proposta de cobrir a capela com telhas impermeáveis modernas [lusalite?]; e já no fim do ano na reunião de 04.11. 1934, é decidido comprar a imagem do Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora de Fátima, e um tapete para a capela. Em 1935 (7.04) é decidido tirar o púlpito do lado do altar de Nossa Senhora para ali expor o Santo Sacramento de 5ª para 6ª Feira-Santa. Por haver muita afluência e muitas comunhões de fiéis em 06.06. 1937 é decidido comprar mais um cibório igual ao existente. Nas actas refere-se ainda em 06.02.1939, fazer sacrário de ferro mais seguro, procurar um organista para as festas e por a capela ser muito concorrida de fiéis; fechar os ventiladores no tecto e abrir bandeiras nas janelas. A decisão de encomendar “um quadro em pintura a óleo para o tecto da capela-mor com a aparição do Menino Jesus ao nosso Santo Fundador” ao pintor António Gouvea é de 6.08.1940.
Em 1940 a Igreja, como também é chamada nas actas, leva retoques e arranjos do tecto e janelas, para fechar ventiladores e abrir bandeiras, acabamentos dos dourados das talhas e em 1941 a compra das imagens de S. José e S. João Grande.
Funchal 2.02.2011/Aires Gameiro
Próximas notas: Capelães/Párocos; e Compra da Imagem de Nossa Senhora das Graças
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