Jornal de Opinião

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09/12/09

México, Códice Náhuatl na Ícone de Guadalupe

Visitar Igrejas da Cidade do México, observar e participar nas celebrações da maior Catedral da América Latina, proporciona uma experiência estimulante.
Visitar Igrejas da Cidade do México, observar e participar nas celebrações da maior Catedral da América Latina, proporciona uma experiência estimulante. Contemplar na ícone de Guadalupe de cima de um tapete rolante, que não deixa engarrafar o fluxo contínuo de peregrinos do Santuário de Guadalupe, aquela cara morena de rapariguinha de 18-19 anos com as mãos erguidas em oração tal como em Fátima e Lurdes, deixa-nos em enlevo especial. Maria, em oração, apresenta-se como serva do Senhor, não deusa, a “perfeita sempre Virgem Santa Maria, Mãe de Deus”, e Mãe dos homens: “ Não sou Eu tua Mãe?”, como ela disse a Juantzin Diogo.

A história do México está cheia de práticas religiosas, templos, palácios e pirâmides. Nem faltaram os sacrifícios humanos para contentar os deuses, conseguir chuva e o pão de milho de subsistência. Ainda no ano 1487 foram sacrificados durante quatro dias na cidade azeteca do México 80 mil homens. Muitas crianças eram igualmente sacrificadas.

O destino inexorável do seu calendário, baseado na exímia observação dos astros, marcava o seu fim. A esperança dos Azetecas estava numa águia a devorar uma serpente sobre um cacto. Por isso ao verem no local esta cena construíram Tenochtitlan ou Cidade Azteca, a cidade que os conquistadores, recebidos como deuses e bárbaros, destruíram para construir a cidade actual.

Quando Nossa Senhora apareceu em 1531 em Tepeyac, 12 quilómetros a norte, ao humilde índio Juantzin, a pedir uma capela surgiu para muitos uma nova esperança. Os índios, humilhados e violentados pelos guerreiros idos da Espanha, antes ameaçados pelos sacrifícios humanos dos seus deuses, voltam-se agora para um novo sinal. O deus sol era destronado por Nossa Senhora de Guadalupe , de mãos erguidas em oração, a tapá-lo, a ornamentar-se com os seus raios e a pisar a serpente na figura de lua. Não era deusa mas revelava Deus verdadeiro.

O Juantzin Diogo em 1531 (de 9 a 12 de Dezembro), teve dificuldade em convencer o Bispo Frei Juan de Zumárraga do pedido de Nossa Senhora. Só à terceira vez as rosas da Senhora e o poncho do vidente transformado em tela do céu com o retrato da Senhora de Guadalupe foram convincentes para o Bispo e os que o rodeavam. A capela foi construída e desde então foram sendo acrescentadas mais quatro igrejas sendo a última a maior de todas para dez mil pessoas. Visitá-las é reviver a história do santuário.

Os guias atribuem uma frequência de mais de 50 milhões de peregrinos anuais ao santuário de Guadalupe, trono de Rainha de toda a América, e hoje o mais frequentado do mundo. A curiosidade e a devoção levaram-me a consultar alguns livros sobre este santuário. E fica-se impressionado como as revelações de Nossa Senhora têm continuado até hoje com as investigações da sua Ícone de fabrico extra-terreno.
Os investigadores não se têm cansado de examinar o quadro que ela deu a Joãotzin Diogo com as rosas que lhe mandou colher. Não foi “ pintado por mão humana” nem com qualquer tinta ou químico conhecido, nem tão pouco foi usado qualquer aparelho sobre a tela. Nem a tela de fibra de cacto maguey, “agave popotule” o suportava. Era o ayate, poncho ou tilma de Juantzin Diogo. Os tecidos com esta fibra são grosseiros, qual rede de malha larga de serapilheira, e duram poucas dezenas de anos. E contudo esta tem têm 478 anos! A fotografia a raios infravermelhos mostrou que houve tintas acrescentadas à lua e ao anjo tal como adornos dourados que se vão descascando. O que é original dura. Mais surpreendentes foram os resultados das ampliações dos olhos que não são pintura mas funcionam como vivos. Foram encontradas silhuetas nas córneas de cada um dos olhos, não iguais mas em cada um segundo a posição. Depois de bem examinados com técnicas computorizadas foram descobertas mais figuras na íris dos olhos da imagem: o Beato Juantzin, o Bispo Zumárraga, uma família de índios, uma mulher negra, etc. que estavam na sala em que Diogo mostrou as flores e o quadro da sua tilma ao Bispo.

Por outro lado os pormenores da imagem podem ser lidos segundo os códices da cultura Nahuatl: as estrelas do manto são exactamente as constelações visíveis no local no dia 12 de Dezembro de 1531 como a dizer que ela é rainha dos dois hemisférios. O cabelo solto indica que se trata de uma virgem; e a flor “Nahui ollin” à altura do ventre e a cinta indicam que está grávida; o anjo tem asas de águia e pássaro mexicano, (“águia que come a serpente”?); os raios do sol indicam que Maria é a mãe da luz, do deus sol, de Deus. Estar sobre a lua ou no seu centro indica que Ela é o centro do México, pois “Metz-xic-co” significa centro da lua, aquela que esmaga o deus lua (a serpente enrolada a quem os aztecas sacrificavam seres humanos). Estas algumas das maravilhas que se tem encontrado na imagem “não feita por mãos humanas”. Os autores, tal como os sítios da internete, referem outros pormenores do códice azteca. Vale a pena consultar.

Razão tem Vittorio Messore para dizer que se a Igreja no século XVI perdeu os povos de alguns países que rejeitaram a Mãe de Deus nas sua devoções; Ela, pela mesma altura, veio convidar os povos de todo um continente. Será que os povos protestantes só voltarão ao seio da Igreja pelas mãos de Maria quando re-aceitarem Maria com os privilégios, dons e as “grandes coisas “ que o Omnipotente n’Ela fez? Muitos pensam que sim. Agora que no dia 12 se vai celebrar o aniversário desta grande graça para as Américas e para todo o mundo, vale a pena conhecer melhor a mensagem de Nossa Senhora de Guadalupe adaptada à cultura mexicana.
México, 26 de Novembro de 2009
Aires Gameiro

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