Causa maior em missão de sorriso... neste Natal
O Natal comercial vai dando laivos de humanismo, servindo-se de figuras (mais ou menos) grotescas para atrair os interesses carunchosos de quem talvez tenha perdido – ou até desconheça – o significado do Natal... mesmo que (já) tenham sepultado o (simpático) Pai Natal.
Duas cadeias comerciais – embora ao que parece do mesmo dono – investiram forte nos intuitos benfazejos da Popota multi-viajada até à Leopoldina multi-cultural. De facto, nada há a opor a quem pretenda vender muito para recuperar as perdas acumuladas ao longo do ano (de crise) que está prestes a terminar. Com efeito, dinheiro atrai dinheiro e, se lhe juntarmos uns pozinhos de benemerência, talvez se possa acrescentar algo mais ao pecúlio sedutor.
No frenesim de preencher o vazio interior com (mais e mais) coisas materiais, por certo, muitos cairão no engodo de comprar um livrinho para ajudar ou porque está na moda... quase narcotizando a consciência em maré de comiseração engasgada pela vaidade de ocasião.
Ora, diante destes sinais de ‘humanismo’ comercial, ousamos fazer breves reflexões e colocar algumas questões, tendo em conta os slogans das campanhas.
* Causa maior: celebrar Jesus, o centro do Natal
Mais do que um roteiro de culinária – como é o livro da Popota – temos de centrar-nos na causa maior da celebração do verdadeiro Natal: o nascimento de Jesus, em Belém da Judeia.
De facto, para muita gente o Natal poder-se-á reduzir a uma festa horizontal mais ou menos conseguida pelo ambiente filantrópico de boas relações entre familiares, na versão no emprego ou na vertente de vizinhança. Mas o Natal é muito mais do que esse esboço humanista de mínima cordialidade. O Natal alicerça-se – a faz-nos alicerçar – na radical fraternidade de todos uns para com os outros, envolvendo até a dissonância com quem pensa ou vive de forma diferente de nós. Com efeito, pela força do Natal estamos intrinsecamente unidos uns com os outros em ordem à vivência de sermos cada vez mais e cada vez melhor ‘família humana’, cujo alicerce é Cristo feito homem connosco.
- Será que todos quantos se aproximam da Igreja católica para celebrar o Natal, têm consciência de Quem é o festejado?
- Mesmo com laivos de cristianismo, as nossas famílias têm no Natal um ponto de encontro e/ou de celebração?
- Os sinais usados no Natal – dentro ou fora das igrejas – reflectem a centralidade de Jesus ou vão disfarçando certos complexos de medo diante do aniversariante?
* Missão de ser sorriso: desafio actual para os cristãos
Para além da participação solidária na campanha, do slogan e da estória, temos de tentar acolher o desafio/provocação – no sentido cristão do termo – de sermos sinal de Deus, isto é, de levarmos um sorriso àqueles/as com quem nos encontrarmos... conhecidos ou ‘anónimos’.
De pouco adianta andarmos a lamuriar-nos sobre a ‘crise’, que não conseguiremos aliviar, antes pelo contrário, as dificuldades dos outros. De facto, o nosso nacional pessimismo/derrotismo tem vindo a criar um ambiente ainda mais pesado e nem os cristãos destoam pela (mínima) atitude positiva. Poder-se-á quase questionar a nossa fé, quando, ao sairmos da missa, em vez de incendiarmos de confiança quem nos rodeia, pelo contrário, empestamos de negatividade quem connosco se possa cruzar.
Ora é-nos confiada a missão de sermos um sorriso de felicidade de termos um Deus feito homem que nos veio salvar e investir na tarefa de darmos nova força – pois está n’Ele fundada – a todos quantos vemos, com quem falamos ou a quem tocamos... terna e afectivamente.
- A quem vou dar – ou devo dar – um sinal diferente neste Natal?
- Qual será o presente que alguém me pede que lhe dê... para além de coisas?
- Será possível recusar um sorriso – verdadeiro, simples e amigo – iluminando vidas e histórias tão sofridas?
Na caminhada do Advento continuemos a preparar o Natal de Jesus em nós e à nossa volta.
A. Sílvio Couto
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