Jornal de Opinião

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20/11/09

Ao Compasso do Tempo - Crónica de 20 de Novembro de 2009

Leitura semanal dos problemas do Mundo e da Igreja

O Presidente Obama, na visita à China, demonstrou, sem a mínima “habilidade” (habilidade significa a atitude de ficar bem com todos, fugindo à verdade), o comportamento de carácter, própria de um verdadeiro servidor do povo.
Lembram-se de Baladur, responsável francês? E há cerca de 16 anos, quem lá esteve, ido de Portugal? Querem ler, sem contradição, os vários jornais da época?
Desde esse período recuado, insistiu-se, perante o pasmo geral, ao pronunciamento de que a visão chinesa dos direitos humanos tinha jus a uma perspectiva própria e singular (a pena de morte era um assassinato a frio no Ocidente; no mundo asiático, uma higienização essencial; no mundo ocidental, a liberdade de expressão representava uma tomada de participação, apesar de alguns ou muitos erros cometidos; mas, a oriente, a denúncia pública de erros e atrocidades ganhava o sentido da demolição do Estado e da sociedade; e, nada mais salientamos, para que o à vontade do discurso de Obama tenha o mérito de demonstrar como políticos de uma civilização ocidental são (foram) timoratos… em nome da isenção democrática.

Ora o Presidente Obama, sem complexos, afirmou a universalidade dos direitos do ser humano, referindo a igualdade dos mesmos, seja nos Estados-Unidos… seja na China!
E desceu ao concreto: iguais, em qualquer geografia, deveriam ser os direitos da expressão livre de pensar (oh! Praça de Tianamen!); a tomada de posição ao serviço do bem comum da sociedade (como será possível tal, se só o Estado é “banco” da verdade?); a liberdade para minorias étnicas e religiosas (deixá-las à vontade, às ditas minorias é abrir caminho ao “passear” da reacção e das tradições repressivas, conforme se pensa…)

Pergunto-me, com o à vontade reclamado por um cidadão comum, por que motivos tais “juízos de valor” foram escamoteados, calados e calcados, como o eram, da forma mais feroz, pela cobardia de regimes de forças, opressores e sem o mínimo respeito?
Houve quem tivesse falado no interior da Igreja Católica, declarando que não poderia registar-se a mínima ambiguidade em tais domínios.

Houve responsáveis políticos que fizeram silêncio perante regimes opressivos, ao permitirem, pela afirmativa, que os embargos da primeva Comunidade Europeia fossem suavizados ou suprimidos no respeitante à China…

E, passados tantos anos, o Presidente Obama vem mostrar onde reside o poderio de uma nação. Não é na força da violência ou do armamento. É na liberdade e na transmissão oral, sem qualquer “vergonha”, do que há de mais primário na dignidade de um ser humano. Houve sempre qualquer coisa de podre! Mas não foi apenas no “reino da Dinamarca”…

Lisboa, 20 de Novembro de 2009

D. Januário Torgal Mendes Ferreira
Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança

http://castrense.ecclesia.pt

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