Menos e mais velhos
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, no ano de 2008, em Portugal, houve tantos nascimentos como óbitos: 104 mil, enquanto, em 2007, tinha havido 102,49 mil nascimentos e 103,51 mil óbitos.
Aquela mesma fonte refere ainda que a população portuguesa residente está, cada vez, mais envelhecida, pois, em finais do ano passado, registavam-se 15,3% de jovens (menos de quinze anos), 17,6 % de velhos (com mais de 65 anos) e 67 % da população em idade activa (dos 15 aos 64 anos). Em números gerais globais a população portuguesa residente no território nacional cifrava-se, em finais de 2008, em 10,62 milhões.
De facto, a renovação populacional entrou em colapso e, em breve, poderá entrar em ruptura, pois os nascimentos foram suplantados pelas mortes e a longevidade tornou-se – felizmente – uma característica cada vez mais normal. Se atendermos aos sinais já visíveis poderemos, a curto prazo, encontrar um desfasamento entre quem trabalha e aqueles que tentam usufruir da sua reforma, pois não haverá mão de obra capaz de suportar as regalias sociais – merecidas e necessárias – na velhice.
Mesmo, sem grande hierarquia de questões, vamos assistindo à proliferação de problemas que agravam este tema do envelhecimento da população, tais como:
- Quando se coloca na linha de prioridades – políticas e sociais – o casamento entre homossexuais, não estaremos a descuidar o essencial com distracções ideológicas de sensação de ‘fim de civilização’?
- Quando se pretende catalogar quem é contra o aborto como retrógrado/conservador, não estaremos a semear ventos para colhermos tempestades?
- Quando se faz da promoção do hedonismo uma espécie de religião à escala do prazer elevado à condição de exploração, não estaremos a confundir os mais incautos, que pagarão no futuro os excessos do presente?
- Quando se tenta catapultar a união não casada como uma outra cultura ética, familiar e financeira, não estaremos a iludir a estabilidade dos compromissos com a vulnerabilidade dos interesses?
- Quando se tenta seduzir as camadas mais novas da nossa sociedade com o preservativo a pacato ou a pílula analgésica da consciência, não estaremos a construir uma espécie de sociedade da desresponsabilização à custa da inconstância dos sentimentos?
Muitos outros episódios e facetas do problema poderiam servir-nos de pontos de reflexão – mais do que de acusação – neste tempo em que cada pessoa nem vale tanto como uma espécie rara, pois sob a capa de novos cuidados para com alguns animais e até raridades vegetais, os humanos vão perdendo a capacidade de serem respeitados e, quantas vezes, se vão tornando silhuetas em vias de extinção... ao sabor de interesses nem sempre claros e assumidos.
Quem dera que fossemos capazes de reinventar a esperança para sermos dignos da confiança que Deus depositou em nós... ternamente.
A. Sílvio Couto
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial