Jornal de Opinião

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06/11/09

Ambiguidades da Europa... pós-cristã

Por ocasião da tomada de posse dos membros do recente governo alemão, os ministros ‘ousaram’ dizer: ‘assim Deus me ajude’, rematando, deste modo o juramento constitucional e as implicações futuras das suas funções de serviço ao povo.

Entretanto, por estes dias, surgiu uma sentença do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, segundo a qual, a presença dos crucifixos nas escolas públicas – em Itália – foi considerada uma violação da liberdade religiosa dos alunos. Esta decisão ‘europeia’ teve por base uma queixa de uma cidadã italiana de origem finlandesa, que, em 2002, havia pedido a uma escola estatal na região de Pádua, na qual estudavam seus dois filhos, que tirasse os crucifixos das salas. A direcção da escola negou-se a isso, por considerar que o crucifixo fazia parte do património cultural italiano e, posteriormente, os tribunais italianos deram razão a este argumento.

Por seu turno, o porta-voz do Vaticano lamentou esta decisão do tribunal europeu, na medida em que “um tribunal europeu intervenha com tanto peso numa matéria tão profundamente ligada à identidade histórica, cultural e espiritual do povo italiano... Parece que não se quer reconhecer o papel do cristianismo na formação da identidade europeia, que, no entanto, foi e continua sendo essencial”.

* Nesta Europa, que se pretende inclusiva na dimensão económica, vão-se dando passos de rejeição ostensiva do cristianismo – pelo menos segundo algumas mentalidades, não se sabe se minoritárias ou mais expressivas! – nalguns países e atingindo sinais essenciais da identidade cristã, como é o crucifixo.
Teremos de enfrentar, em breve, alguma cruzada anti-cristã? Se fossem atingidos os muçulmanos teriam ficado tão quietos e ordeiros? Até onde irá a cumplicidade agnóstica e ateia no combate ao cristianismo, na sociedade ocidental e na Europa em particular?

* Nesta Europa, que foi (e é) espaço de cultura pela e na tolerância, temos estado a sentir que cresce um abespinhar cada vez mais audível contra tudo o que cheire a cristianismo, actual, passado ou futuro.
Até onde irá a força de resistência dos nossos cristãos contra campanhas tão bem orquestradas e tenazmente desenvolvidas? Teremos capacidade de unir esforços contra tantos ataques e insinuações ou deixaremos infiltrarem-se certos oportunistas disfarçados de cordeiros? Estaremos certos dos nossos valores essenciais ou iremos claudicar diante de benesses intencionais?

* Nesta Europa, que já foi luzeiro de heróis e de santos, vemos serem promovidas figuras da mais abjecta condição moral e intelectual, na medida em que sejam membros de organizações subterrâneas transnacionais (v.g. maçonaria, grupos gay ou mesmo de interesses económicos satânicos) e bem colocados nas estruturas de governo ou até de autarquias.
Por que é que atacam os cristãos e os seus valores: será porque incomodam ou porque têm real valor? Por que é que se faz apanágio dos ataques e raramente se difunde a qualidade... dos cristãos? Até onde irá a nossa consciência de defesa – mesmo do ‘Opus Dei’ e de outras organizações afins de âmbito internacional católico – em vez de não estarmos a desconfiar de quem sempre e sistematicamente os vai denegrindo?

Tal como no início do cristianismo poderemos dizer: ‘sangue de mártires é semente de cristãos’!

A. Sílvio Couto

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