Cristo Veio... mas a sua presença é incómoda
Esta sociedade europeia e portuguesa do século XXI celebra o Natal outra vez.
Saibamo-lo, ignoremo-lo ou escamoteemo-lo, o Natal, historicamente, não é outra coisa senão a celebração do Nascimento de Jesus Cristo. Para nós, os crentes, Deus que veio ao mundo para nos tirar do poço da ignorância e do abismo do pecado, e para nos abrir e ensinar o caminho de uma vida com sentido e de um futuro com esperança.
Ele é a imagem do Deus Vivo, o Filho do Senhor, e o Salvador de todos.
Infelizmente, e incompreensivelmente, esta sociedade europeia que foi gerada à sombra da Cruz, alimentada pelo Evangelho e organizada à sombra do Campanário, agora, não quer Jesus à sua vista.
Aqueles que governam a Europa e fazem as leis da Comunidade, não quiseram o nome de Jesus e as raízes cristãs mencionados no texto da Constituição, e agora, exigem que sejam retirados dos lugares públicos os últimos sinais de Cristo que ainda restam. Tudo com base no seu laicismo, e em nome do pluralismo, da liberdade de crenças e do respeito pelas diferenças. E assim, segundo a sua vontade, não vai ser possível manter em locais públicos qualquer objecto ou estrutura que lembre alguma crença ou qualquer religião: nem cristã, nem muçulmana, nem nehuma outra.
Mas, assim sendo, pelas mesmas razões e dentro da mesma lógica, vão ter que derrubar também as igrejas e as capelas, destruir as sinagogas e as mesquitas, abater as grandes basílicas e as enormes catedrais, apear as altas torres, calar os sinos, e derribar os nichos, os cruzeiros e as “alminhas” que povoam as nossas queridas terras portuguesas.
Não são tais estruturas sinais religiosos? Não estão todos implantados em locais públicos que toda a gente frequenta e onde toda a gente passa?
Dentro da mesma lógica, e proibindo na rua o uso do lenço muçulmano e nas escolas o uso do crucifixo, têm que proibir também as pessoas de usarem cruzes douradas nas voltas do pescoço ou de dependurarem terços nos espelhos dos automóveis, e até de usarem como apelido o nome de Jesus. Brincando um pouco (perdoem-me, por favor), o primeiro a sofrer as consequências vai ser o treinador do Benfica: não é admissível que o homem ande constantemente a correr, nervoso, as bordas dos relvados nacionais, ofendendo os milhares de adeptos que não são crentes ou são de outra religião, usando o nome de Jesus em locais tão públicos como são os nossos estádios…
É que todos esses sinais e adereços cristãos podem ofender os ateus, incomodar os agnósticos e os laicos que cruzam as nossas praças e magoar os crentes de outras religiões que passam pelas nossas ruas!...
O que me admira, entretanto, é ver que toda essa gente que anda tão interessada em fazer desaparecer dos lugares públicos os sinais religiosos, corre agora, nesta quadra natalícia (onde virá o Natal ainda?...), a iluminar as ruas das maiores cidades e das mais pequenas vilas, a construir presépios nos amplos jardins públicos, e a erguer no meio das grandes urbes gigantescas árvores de Natal, com biliões de lâmpadas, gastando milhões de euros, para celebrarem o nascimento de Jesus.
Que me desculpem, por favor, mas não posso deixar de considerar tudo isto uma enorme hipocrisia!
As iluminações natalícias das ruas, os presépios dos jardins e das praças e as gigantescas árvores de natal não são também sinais religiosos? Não são uma chamada de atenção para o maior acontecimento da história humana, que foi a vinda de Deus ao mundo com o nascimento de Jesus? Se não são isso, digam-me então o que são e informem-me do seu significado.
Pergunto mais: as ruas iluminadas, as praças ornamentadas e os espaços onde se erguem as soberbas Árvores de Natal não são também locais públicos, onde passam pessoas sem fé e gente de outras religiões? Dentro da mesma lógica, não serão esses símbolos para essas pessoas uma verdadeira ofensa à sua Fé ou à sua falta de Fé?
Passam essas pessoas a vida a aconselhar a todos a tolerância, o pluralismo e o respeito pelos outros e pelas suas diferenças…e bem. Então, porque se preocupam tanto em fazer desaparecer todos os símbolos religiosos, cristãos ou não cristãos? É assim que se ensina a tolerância às nossas crianças e aos nossos jovens? Defende-se a tolerância e pratica-se a intolerância?...
Sejamos todos um pouco mais coerentes…
…e tenhamos todos um FELIZ NATAL!
Resende, 12.12.09
J. CORREIA DUARTE
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