Ao Compasso do Tempo - Crónica de 02 de Outubro de 2009
Não me compete entrar em análises de política partidária, a qual é competência (deve-o ser…) e “profissão” de quem optou por vias tão responsáveis.
Mas, no horizonte da cidadania em que me sinto, devo declarar, pelos motivos éticos da instabilidade social que espreita, através de janelões abertos por quem não os devia escancarar, que as posições do Senhor Presidente da República, no seguimento do “sigilo” de uma ou outra anteriores, ficarão na memória histórica desta época.
Tenho pena (no sentido nobre de solidariedade) pelo país. Tenho pena (em idêntico sentido) pela verdade e pela intranquila adultez do meio em que nos situamos.
Acho que ninguém compreendeu nada. E ainda bem, ao evitar deixar-se embalar por “cantos de sereia”, onde as denúncias cavilosas e os esquadrões a entrarem pelo computador adentro nunca deveriam ter ocasionado mais um “mártir do dever”… Se trincheiras houve, se invasores houve, por que motivo se assiste a um “girardiano” bode expiatório ou a um imolado de qualquer radicalismo?
É lamentável que, em época muito recente, se tenha feito silêncio quando o Senhor Procurador-Geral da República assinalou, calma e lucidamente, que até era capaz de estar a ser objecto de escutas no âmbito de seu telemóvel (facto este repetidamente destacado por um Presidente de insigne clube desportivo).
Mas, analisado o texto e os textos publicitados, assiste-se a deslocamentos dos centros de atenção, os quais, longe de espionagem e contra-espionagem, mencionavam passos descompassados pela Avenida Roma, tão descompassados quanto em não sintonia (pelos vistos) com os chefes da Casa Civil e Militar. Não se tratará, então, de “martírio”, mas de penalização. Será mesmo assim?
Em questões da mais simples hermenêutica, a confusão semeada não impede uma visão cristalina. E esta é acompanhada por gente que pensa. Felizmente.
Como reorganizar a confiança e reconstruir abalos e suspeitas, se uma narrativa cheia de alçapões não nos garante, de momento, a solidez e a esperança de que todos carecemos?
Lisboa, 02 de Outubro de 2009
D. Januário Torgal Mendes Ferreira
Ordinário Castrense
http://castrense.ecclesia.pt
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