Nobel da medicina - grande vitória da ciência e da ética
O Nobel da Medicina atribuído ao Britânico John Gurdon e ao Japonês Shinya Yamanaka é verdadeiramente uma vitória do Homem e da Medicina. 1 – O debate sobre o uso das células estaminais tem dominado o panorama científico e ético dos últimos anos. Não duvidamos de que um dos caminhos da medicina, e talvez dos mais promissores, é o uso de células estaminais. Porém, também sabemos que as células estaminais podem ter duas origens – uma, as células embrionárias colhidas através do uso (e destruição) de seres humanos na sua fase embrionária, outra, as células estaminais adultas retiradas de determinados tecidos do corpo humano adulto cujo uso não gera questões éticas. 2 – O trabalho daqueles dois cientistas a quem foi agora atribuído o Nobel da Medicina teve como conclusão que é possível “reprogramar as células estaminais adultas para um uso pluripotente” isto é, capazes de se reproduzirem em diversos tipos de tecido (órgãos) do corpo humano. 3 – Pensavam e defendiam alguns que as células pluripotentes só existiam no embrião humano. Por isso, advogavam a criação, uso e destruição de seres humanos para servir a investigação científica, alegando que a partir daí se iria obter a cura de diversas doenças (alzheimer, diabetes, etc.). O ser humano tornava-se “material de laboratório” numa lógica utilitarista. Até hoje milhões têm sido gastos com as células embrionárias e sem resultados práticos. Ao invés, as células estaminais adultas são já usadas em dezenas de tratamentos com sucesso. 4 – O Nobel da Medicina atribuído este ano, vem inegavelmente alargar os horizontes da medicina no campo das estaminais. Mas, acima de tudo, vem evidenciar como Ciência e Ética se podem conjugar com sucesso, desde que haja a preocupação com a Verdade e com o sério benefício dos doentes. Este Nobel demonstra ainda que é possível fazer investigação científica sem que se declare que o embrião humano é “material de laboratório”. 5 – Muitos foram aqueles que “na praça pública” (ideólogos, jornalistas e políticos) atacaram a Igreja e todos os que tinham preocupações Éticas e se opunham à utilização de embriões humanos para hipotéticas curas, porque diziam-nos, eram retrógrados e estavam contra a Ciência e a Medicina quando aquele “era o caminho do futuro”. Ora, este Nobel vem pôr o “dedo na ferida” ao apontar o Verdadeiro caminho do Futuro, com respeito pelo ser humano, tornando assim aqueles argumentos uma caricatura ideológica, instrumentalizada e anticientífica. É notória e notável a atitude do agora Nobel Japonês, cirurgião ortopédico, quando ainda surpreendido com a atribuição do prémio lhe perguntaram o que iria fazer, respondeu “tratar doentes, foi para isso que investiguei…”. 6 – Neste momento está a ser lançada em toda a Europa uma Iniciativa Popular de Cidadãos “Um de Nós” cujo objecto é pedir à União Europeia que em todas as políticas da União, haja respeito pelo Embrião Humano (“Um de Nós”). Que não se financie projectos que usem os embriões para investigação. Tudo parece seguir o mesmo caminho. 7 – No entanto, o Parlamento Português tem em debate na Comissão de Saúde dois Projectos de Lei (PSD e PS) que procuram dar um destino aos “embriões excedentários”, invocando-se entre outras razões o progresso da ciência que deve ter uma “abertura” para o uso destes embriões. Que dó! Para quando a seriedade científica e ética para reconhecer que o caminho não é a destruição e instrumentalização de seres humanos, mas antes ouvir o que nos vem da mais avançada e nobel ciência? Haverá coragem de fazer uma lei moderna? Uma lei que no futuro não nos envergonhe? Hoje, o debate sobre a protecção do Embrião Humano não é uma questão religiosa, é uma questão de comunidade científica mundial. O Nobel da Medicina de 2012 é uma vitória da Ciência, da Medicina, da Ética, mas acima de tudo do Homem. Isilda Pegado Presidente da Federação Portuguesa pela Vida
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