Jornal de Opinião

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20/09/11

Santo António na Rússia – uma Missão do nosso tempo

Em São Petersburgo, na Rússia, não longe da Catedral Católica da Assunção da Santíssima Virgem Maria, do Seminário Católico e da Catedral Ortodoxa da Santíssima Trindade, fica o Convento de Santo António, o primeiro convento da Ordem dos Franciscanos Menores nesta cidade. Uma longa ponte, no espaço e no tempo, entre Lisboa e São Petersburgo. Mas muito mais do que isso.

“Um Santo do mundo”
Desde que São Francisco de Assis fundou a sua Ordem, em 1210, os frades Franciscanos têm levado aos quatro cantos do mundo a sua mensagem de Paz e o seu exemplo de Amor ao próximo. Foi a esta Ordem, que instaurou um novo conceito de vida monástica – activa e de apostolado, para além de apenas contemplativa e de oração - e uma nova via na vida missionária – a “Cruzada da Palavra”, que Santo António, ao ver, em Coimbra, os corpos mutilados dos cinco primeiros mártires Franciscanos, trazidos de Marrocos pelo infante D. Pedro, quis também pertencer.
Santo António recebeu de São Francisco a missão de ensinar a Palavra de Deus aos Irmãos, Palavra essa que Santo António conhecia, interpretava e comunicava como ninguém. Foi, aliás, em reconhecimento disso, que o Papa Pio XII o proclamou Doutor da Igreja, em 1946, com a bula “Exsulta, Lusitania felix”.
De Lisboa, para os Portugueses, de Pádua, para os Italianos, “Santo António, antes de mais, é um santo universal, de todo o mundo”, como referiu Frei Vítor Melícias ao programa Ecclesia no passado dia 13 de Junho, dia de Santo António. E é um Santo de todo o mundo devido, sobretudo, à acção missionário dos Franciscanos, que, em todos os sítios onde chegavam, construíam conventos e igrejas em sua honra. Assim acontece também com a Rússia.
A presença dos Franciscanos em terras russas remonta aos princípios da própria Ordem, está inextricavelmente ligada ao estabelecimento das primeiras estruturas da Igreja Católica na Rússia e, nos dias de hoje, ao renascimento da mesma Igreja neste país.

Igrejas divergentes
Quando o Príncipe Vladimir, Príncipe de Kiev, em 988, escolheu o Cristinianismo Ordodoxo como religião oficial, os principados da Antiga Rússia que governava e que viriam a constituir a Rússia tornaram-se herdeiros de um conflito religioso que lhes era estranho (e que viria a resultar, em 1054, no Cisma do Oriente - a cisão da Igreja em Igreja Católica Apostólica Romana e Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, esta última mais conhecida, simplesmente, por Igreja Ortodoxa), mas que viriam a aprofundar, com a recusa em aceitar a união da Igreja Católica com a Igreja Ortodoxa, assinada em 1439 durante o Concílio de Florença. A Igreja Ortodoxa Russa tornou-se autocéfala, ou seja, com autoridade própria para resolver assuntos internos, e com o direito de nomear ou remover os seus próprios bispos, em todos os degraus da sua hierarquia.
Desde sempre a religião Ortodoxa serviu, para aqueles povos, como elemento unificador e de afirmação de indepência. O papel de elemento unificador foi determinante durante a ocupação Mongol (1237-1480) - a religião era o único laço que unia os vários principados da Antiga Rússia, politicamente submetidos aos Cães Mongóis.

Embaixadores do Papa
As hordas Mongóis, depois de conquistar quase todo o território da Antiga Rússia, continuaram a dirigir-se para o ocidente, transformando em ruínas cidades e aldeias Polacas e Húngaras, e chegando até à Saxónia e às margens do mar Adriático. E é durante as invasões mongóis que os Franciscanos aparecem pela primeira vez em terras russas.
Em 1245, uma delegação do Papa Inocêncio IV, constituída por três Franciscanos, partiu em direcção ao oriente, ao encontro do Cão Mongol, com a missão de estabelecer relações diplomáticas com aqueles povos e tentar converter o Cão ao Cristianismo. Esta missão era encabeçada por Giovanni di Piano Carpini, então com 63 anos, que tinha sido companheiro de São Francisco.
Pelo caminho, puderam testemunhar a violência dos Mongóis. Ao deixar Kiev, encontraram “no campo, incontáveis cabeças e ossos de mortos; era esta cidade bem grande e muito populada, e agora está reduzida a quase nada; existem ali não mais de duzentas casas, e a gente é mantida na mais dura escravidão”, como escreveu Piano Carpini. Um dos Irmãos não aguentou os horrores com que se deparou na viagem e voltou para trás, mas a missão continuou. Depois de Kiev, atravessaram o rio Volga e os Urais, e continuaram em direcção ao sul do lago Baical, chegando, em 1246, a Shar Ord, onde estava o quartel-general do Cão.
Se bem que o objectivo de converter o Cão Mongol ao cristianismo não foi conseguido, esta foi uma Missão de enorme significado: os Franciscanos levaram, pela primeira vez, o Catolicismo àqueles territórios. Por todos os sítios onde passaram, pregaram e converteram muitas das pessoas que encontraram no caminho.
Ao regresssar, Giovanni di Piano Carpini escreveu o livro “História do Mongóis, a quem nós chamamos Tártaros”. A Europa teve assim, pela primeira vez, informação sobre aqueles povos e os seus hábitos.
No futuro, os Franciscanos vieram a fundar conventos, sobretudo, nos territórios que hoje são a Lituânia, Ucrânia, Bielorrússia, parte da Rússia Ocidental, e no sul da Rússia, no Cáucaso. No século XVII, a Província Franciscana Russa-Lituana tinha como padroeiro Santo António. Quando esta Província foi dividida em duas, em 1686, a Província Russa continuou a ter o mesmo padroeiro. Foram erigidas igrejas em honra de Santo António perto de Slutsk (1598), em Miropole (1600), em Lvov (1617), em Vitebsk (1685). Sabe-se que houve também uma igreja de Santo António em Kiev.

A igreja “estrangeira”
O Catolicismo é, assim, desde as origens do estado Russo, um religião estrangeira, nomeadamente a religião de vizinhos como a Polónia e a Lituânia (durante mais de dois séculos unidas na Comunidade Polaca-Lituana ou Rzeczpospolita, 1569-1795), com quem esteve frequentemente envolvido em conflitos de guerra. Daqui resulta o papel do Cristiansmo Ortodoxo como elemento de afirmação de indepência do povo russo.
Em Moscovo, um Franciscano aparece pela primeira vez em 1526, como embaixador do Papa Clemente VII ao Grão-Príncipe Vassil III. Em 1695, atendendo a um pedido dos Franciscanos ao czar Pedro I (o Grande), iniciou-se a construção da primeira igreja Católica de pedra em Moscovo.
O número de Católicos na Rússia aumentou significativamente quando Pedro I convidou estrangeiros para participar na construção de São Petersburgo, a futura capital do Império Russo, fundada em 1703. Desejando atrair os melhores mestres da altura, Pedro I prometeu garantir-lhes tolerância religiosa e total liberdade de culto.
Segundo a Crónica do Convento de Santo António, em 1719 chegou a São Petersburgo o Padre Franciscano Conventual Bernardino Chiù, que foi posteriormente, durante seis anos, Capelão dos Arquitectos da cidade. “Provavelmente eles trouxeram-no consigo”, diz o Padre Andrei Buko OFM Conv (Ordem dos Frades Menores Conventuais), “ele era o confessor do escultor e arquitecto Bartolomeo Carlo Rastrelli e do arquitecto Niccolò Michetti, e vivia juntamente com eles.” E acrescenta, com um sorriso: “Talvez a beleza da cidade de São Petersburgo se deva à orientação espiritual que deu aos arquitectos!”
Aparece assim, para além da comunidade que já existia em Moscovo, uma comunidade católica em São Petersburgo. A população católica da cidade era constituída por alemães, franceses, italianos e polacos.
Contudo, em 1769, a czarina Catarina II (a Grande) publicou o “Regulamento” para a organização das comunidades católicas, Regulamento esse que contrariava o Direito Canónico e através do qual se pretendia limitar a liberdade da Igreja Católica na Rússia, subordiná-la e separá-la de Roma. Nomeadamente, um dos pontos do Regulamento referia que a tentativa de converter Cristãos Ortodoxos ao Catolicismo era passível de persecução judicial.
As tensões entre os Ortodoxos Russos e os Católicos agravaram-se com as sucessivas partições da Polónia (a Rzeczpospolita, que foi perdendo, em 1772 e em 1792, território para os estados vizinhos, foi definitivamente dividida entre a Prússia, a Áustria e a Rússia em 1795, tendo, literalmente, desaparecido do mapa). Para além de ser uma religião estrangeira, o Catolicismo na Rússia passou também a ser a religião de um estado parcialmente ocupado por ela, e a população católica na Rússia cresceu significativamente. A Igreja Católica, naturalmente, constituía também elemento unificador para os Polacos dos territórios ocupados - nos anos 60 do século XIX, era a única instituição que os unia. Quaisquer tentativas de libertação por parte da Polónia reflectiam-se na relação da Rússia com os seus cidadãos Católicos, nomeadamente membros do clero, sob a forma de perseguições politicamente motivadas, incluido censura, prisão e exílio na Sibéria.
O padre Andrei Buko dá um exemplo, pleno de simbolismo: “Em 1750, em Sakolniki (a 300 km de São Petersburgo, perto de Pskov), que era uma pequena cidade – hoje é uma aldeia – havia um Convento Franciscano e uma Igreja em honra da Santíssima Virgem Maria e de Santo António de Pádua. Santo António era aí muito venerado, vinham pessoas de todas as aldeias em redor, o que não agradava ao poder em São Petersburgo… Depois da primeira partição da Polónia, em 1772, foi encerrado o convento e também a escola para crianças que lhe estava afecta, e a igreja passou a ser usada pela Igreja Ortodoxa Russa. Mas deixaram três altares, o que não era comum. E, nomeadamente, deixaram o altar de Santo António, mas substituiram-no por outro santo, Santo Antão, venerado tanto pelos Cristãos Ortodoxos como pelos Católicos. E as pessoas continuaram a ir lá rezar. E, diz a lenda, que, uma vez, houve uma aparição de Santo António...”
Em consequência das revoltas de 1831 e 1863, no território da ex-Rzeczpospolita, contra o domínio russo, a Rússia procedeu à cassação de Ordens religiosas. Tanto quanto foi possível apurar, não há evidência para a presença de Franciscanos Conventuais em São Petersburgo desde essa altura.

Setenta anos de perseguição
Em Abril de 1905, o czar Nicolau II editou o “Manifesto sobre a liberdade de culto no Império Russo” que favorecia, embora não completamente, a normalização da situação da Igreja Católica.
Depois da revolução de Fevereiro de 1917, que depôs Nicolau II, o Governo Provisório de Alexandre Kerenski promulgou uma lei que equiparava juridicamente a Igreja Católica Romana e a Igeja Ortodoxa.
Mas, em breve, imediatamente a seguir ao golpe bolshevique de Outubro de 1917, foram promulgados sucessivos decretos que visavam destruir a Igreja e, sobretudo a partir de Setembro de 1918, a Igreja Católica na Rússia voltou a sofrer, por duas ordens de razões: sofreu, tal como a Igreja Ortodoxa Russa, devido ao carácter anti-Cristão do regime bolshevique, que mais tarde recebeu o nome de comunista; e continuou a sofrer por ser uma religião estrangeira, a religião de estados que se opunham ao comunismo.
Foi proibido o ensino religioso; levaram-se a cabo acções de propaganda anti-Cristã: jornais, panfletos, manisfestações, “brincadeiras” infantis em que se ultrajava a religião e os seus símbolos, fogueiras públicas em que se queimavam cruxifixos e outros símbolos religiosos; os cristãos foram perseguidos, presos, deportados para campos de concentração, torturados, fuzilados; igrejas foram profanadas, saqueadas, encerradas e destruídas; cemitérios foram profanados e arrasados.
Na carta publicada a 9 de Fevereiro de 1930 no jornal do Vaticano “L’Osservatore Romano”, o papa Pio XI manisfestou-se abertamente contra o regime bolshevique e apelou a uma Cruzada de Oração, apelo este que desencadeou, na Rússia Soviética, uma grandiosa campanha antireligiosa reforçada, nomeadamente anti-Católica.
Sabe-se que, apesar das perseguições, se mantiveram vestígios de ordens religiosas em São Petersburgo (que passou a ser chamada Petrogrado e depois Leninegrado). A mais activa era a Ordem Terciária (ou seja, secular) Franciscana, que contava algumas centenas de membros, sobretudo mulheres. Existiram também, até 1927, conventos clandestinos.
Entre 1911 e 1938, existiu uma igreja em honra de São Francisco de Assis, num dos distritos da cidade.
O Servo de Deus padre Pavel Chomicz (1893-1942) dirigiu, nos anos 20, grupos de fiéis Terciários Franciscanos em Leninegrado. Acusado de dirigir a “associação contra-revolucionária” de São Francisco, esteve preso, entre 1926 e 1936, nos campos de concentração e trabalhos forçados nas ilhas de Solovetskii. Regressou a Leninegrado em 1939 e viveu na clandestinidade, celebrando missas nas casas dos fiéis. Em 1941 passou a ser o Administrador Apostólico de Leninegrado. Em 1942, durante o Cerco de Leninegrado, foi novamente detido, acusado de organizar igrejas clandestinas e condenado à morte. Foi fuzilado em 10 de Setembro de 1942.
Em 2003 foi iniciado, em Roma, o processo de beatificação de 16 mártires Católicos da Rússia do século XX, entre eles o Servo de Deus padre Pavel Chomicz.

Ciclos de destruição e renascimento
A partir de 1989, depois da queda do Muro de Berlim, e, posteriormente, do colapso da União Soviética, tem-se assistido, a pouco e pouco, ao renascimento da Igreja Católica na Rússia.
Em 1994, como conta o Padre Andrei Buko, os Franciscanos voltaram à Rússia. “A iniciativa foi do nosso Ministro Geral, o padre Lanfranco Serrini, que queria que os Franciscanos regressassem a estas paragens e propôs à Província Polaca “lançar mãos à obra”. Surgiram os primeiros voluntários que foram para Moscovo em 1994, e vieram para São Petersburgo em 1995.”
O Padre Gregori Tserokh (tragicamente falecido, num acidente de viação, em 2004, aos 42 anos) foi o delegado do Ministro Provincial da Província Franciscana de Varsóvia na Rússia e o primeiro Custódio Geral da Custódia Geral Russa de São Francisco de Assis, inaugurada a 13 de Maio de 2001.
Até 1918, havia em São Petersburgo um Seminário (1869-1918) e uma Academia de Teologia (1842-1918). O edifício do Seminário foi devolvido aos Católicos em 1995, mas o da Academia não. Em 1996, o Seminário, que funcionava em Moscovo desde 1993, foi transferido para o edíficio histórico em São Petersburgo. “Por isso, procurámos um lugar para o convento perto do seminário, para que os nossos seminaristas lá estudassem”, explica o Padre Andrei.
“No sítio em que nos encontramos, havia um edifício velho e degradado, uma ex-fábrica de aparelhos eléctricos, que foi adquirido pelos Franciscanos em Junho de 1996. A Crónica do Convento diz que, no início do século passado, em 1900, nesse mesmo edifício havia um centro de beneficência.”
A primeira comunidade de Franciscanos, dois sacerdotes e quatro seminaristas, começaram, eles próprios, a pouco e pouco, a limpar a área, a retirar os tornos mecânicos e outras máquinas-ferramenta, enfim, a preparar condições mínimas para viver o dia-a-dia. Entretanto, improvisaram quartos, uma capela, uma biblioteca. “Não tivemos electricidade até Outubro, altura em que nos ligámos à rede eléctrica através da sede dos bombeiros próxima.” – conta o Padre Andrei – “Os bombeiros davam-nos electricidade, e, em troca, vinham cá preparar comida, e assim nos ajudámos uns aos outros nos primeiros tempos. No inverno, quando era preciso, éramos nós que reparávamos os canos gelados na rua. Tínhamos uma grande oficina de marcenaria, os bancos da nossa capela foram ali feitos.”
Entretanto, chegaram mais seminaristas. “Em 1997, juntamente com a Cáritas, abrimos aqui um centro de ajuda alimentar para os mais desfavorecidos. Nessa altura, dávamos assistência a uma média de 200-300 pessoas por dia. Depois, tivemos também um infantário para os meninos da rua, que estavam aqui desde as 11-12 horas até às 17-18.”
Foi igualmente em 1997, a 13 de Junho, dia de Santo António, que foram trazidas as relíquias de Santo António da Basílica de Pádua e teve lugar a dedicação solene do Convento a Santo António.
No mesmo ano, em que se comemoraram os 90 anos das Aparições de Fátima, a imagem peregrina de Nossa Senhora que visitou a Rússia também esteve aqui, no convento de Santo António.
Ainda nesse ano, foram editados, pela primeira vez na Rússia, os Sermões de Santo António, em edição bilingue (latim e russo), pela Editorial Franciscana dos Frades Menores Conventuais, em Moscovo (fundada, em 1994, pelo Padre Gregori Tserokh).
Em 2001 iniciou-se a construção do novo edifício do convento. E, mais uma vez, o nome de um arquitecto italiano, Leonardo Brugiotti, aparece ligado aos Franciscanos em São Petersburgo.
Em 2008, ainda antes do novo edifício estar completamente concluído, as relíquias de Santo António regressaram à Rússia para uma peregrinação pelas comunidades Fransciscanas (além de São Petersburgo, existem actualmente quatro – em Moscovo, a comunidade central, Astracã, Kaluga e Chernyakhovsk). A peregrinação iniciou-se em São Petersburgo, onde, a 13 de Setembro, foi inaugurada e abençoada a nova capela do Convento de Santo António.
Estiveram presentes, entre outros membros do clero, o então Núncio Apostólico na Rússia, Arcebispo Antonio Mennini, e o Padre Enzo Poiana, reitor da Basílica de Pádua.
No início do passado mês de Julho, o padre Enzo Poiana e o arquitecto estiveram em São Petersburgo para preparar o local do novo altar da capela de Santo António, altar que será trazido de Pádua.
Este altar é muito especial: durante o restauro, na Basílica de Pádua, do altar onde se encontram as relíquias de Santo António, a urna com as relíquias foi transferida para um outro altar, construído especialmente para esse fim. Em Fevereiro de 2010, a urna retornou ao espaço original. E esse altar, em que temporariamente se encontraram as relíquias, vai ser oferido ao convento de Santo António em São Petersburgo. “Planeia-se que seja trazido para cá neste mês de Setembro” - revela o Padre Andrei. “Vai ser, então, possível consagrar a capela.”

O mensageiro de Nossa Senhora
E a conversão da Rússia, já aconteceu? Segundo a opinião do Padre Andrei Buko, já aconteceu, mas não totalmente. “A Rússia voltou ao Cristianismo, mas essa conversão ainda não é profunda, é mais exterior. Há uma parte da elite intelectual que pensa seriamente nisso e tenta retornar ao Cristianismo.”
Em relação à reconciliação e ao diálogo entre as Igrejas Católica e Ortodoxa, afirma que ao nível “simples” já existe – “existem pessoas que pensam de maneira sensata e que compreendem o que é que é verdadeiramente importante. Mas são muito poucas.”
“O nosso papel hoje, aqui, é o de servir como motivador e estímulo de mudança” – é assim que vê, actualmente, a missão dos Franscicanos em São Petersburgo.
Na sua palestra “Santo António e a Palavra de Deus”, no passado dia 7 de Junho, num dos habituais encontros “Terça-feira com os Franciscanos”, no Centro de Cultura Cristã e Espiritualidade Franciscana (afecto ao Convento de Santo António), o Padre Andrei disse - “Há uma coisa que me agrada muito: como diz a biografia Assidua, a casa dos pais de Santo António ficava perto da Catedral da Assunção da Santíssima Virgem Maria (hoje Sé Catedral de Lisboa). E eu pensei – nós temos aqui, em São Petersburgo, a casa de Santo António, perto da Catedral da Assunção da Santíssima Virgem Maria. Não deve ser por acaso.”
Que não seja por acaso, e que a presença de Santo António na Rússia gere sabedoria, entendimento, bondade e Paz.
Ana Luísa Simões Gamboa, em São Petersburgo


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