Ao Compasso do Tempo – Crónica de 09 de Setembro de 2011
Uma miríade acontecimentos apela à nossa atenção nestes últimos tempos: jornada mundial da juventude, em Madrid; 11 de Setembro; situação política na Europa, particularmente em Portugal; a liberdade e a Líbia…
E a que conclusão chegar? Simples. Os pobres são os “aristocratas” de uma nova ordem mundial. Ficam soterrados na consciência humana e sob a rima de papéis e de avaliações em gabinetes ditos responsáveis; quando muito, recebem uma malga de sopa ou ajudas avulsas, cada vez em menor número. Não desrespeito a qualidade destas medidas. Mas o respeito pelos desrespeitados não permite outros sentimentos.
a) No contexto do 11 de Setembro, em cujo âmbito se concluiu que os causadores directos dessa barbárie não eram filhos da desgraça; ao contrário, detentores de títulos universitários…
No entanto, o General Powel exclamou, na altura: “A causa do terrorismo é a pobreza dos povos”.
b) De inúmeros depoimentos de jovens que, em meados de Agosto, estiveram em Madrid com o Papa Bento XVI, respigo os que se seguem:
“A riqueza está mal dividida (…). É preciso colocar a pessoa no centro da economia”; “as empresas olham mais ao lucro e fazem cortes nos salários dos trabalhadores; os governos devem escutar mais as pessoas”; “a desigualdade na América do Sul leva os jovens a ver na violência uma solução”. Quem tomou parte neste acontecimento (agora a medir no trabalho de cada diocese ao serviço da multidão dos mais novos), lembrará sempre o conselho de Bento XVI: “aproximem-se dos enfermos e dos pobres” (Ver Público de 21 de Agosto último, p. 11)
c) No clamor de uma Europa doente, “os dirigentes políticos multiplicam os anúncios de austeridade, com o risco de matarem completamente o pouco do crescimento que ainda existe. É absurdo!” (Marc Fiorentino, especialista de mercados financeiros, Nouvel Observateur, 18 de Agosto de 2001, p. 41).
Por essas, e outras razões, José Pacheco Pereira (Público, 3 de Setembro corrente) sugeria outros olhares sobre Portugal, vindas de um padre, de um bom sociólogo prático, de um médico, de um bom funcionário das finanças, de um juiz, de um velho polícia…
Para salvar a “Casa lusitana” todos não somos demais.
d) E na Líbia?
Morreu, felizmente, uma soberania, onde todos os crimes eram permitidos. Nasceu o projecto de uma universidade de direitos, de que é corolário o direito de ingerência (Bernard – Henri Lévy, Le Point, 25 de Agosto 2011, p. 110)
E que mais?
Os pobres são legião e ninguém os cura.
O pagamento da dívida e a consolidação orçamental deveriam começar por eles.
Já não há palavra!
MDN – Capelania Mor, 9 de Setembro de 2011
Januário Torgal Mendes Ferreira
Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança
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