Jornal de Opinião

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04/07/11

Compasso do Tempo de 01 de Julho de 2011

Na vizinha Espanha soergueu-se há longos meses bravata da séria a propósito da cidadania civil versus cidadania moral (Católica). Logicamente que a civil, a não ser que contenha desregramentos e orientações contraditórias, é valorizada por qualquer moral de índole religiosa. Escrever-se uma carta... e não haver resposta…; não cultivar a prática da higiene física…; usar linguagem menos civilizada… e tantas outras ausências, são lesões da urbanidade elementar.

Se outros valores são negligentes para os de outra escala, como será possível fazer brilhar o amor cristão, sem limites, se não há consideração pela solidariedade, pela atenção cívica, pelos modos respeitadores da civilidade e do respeito pelo bem comum?
É preciso sublinhar o alicerce duma sociedade livre, igual e responsável, onde há leis de trânsito, códigos de honra, normas de maneiras, virtudes intituladas de humanas, cheias de exigência e rigor. Lamentavelmente teve que chamar-se à primeira fila a moral cívica, pela razão simples de ser posta de lado. Não se trata de tentações de monopólio, ou seja, do que é simplesmente coloquial e cívico usurpar as cadeiras do poder, reduzindo a moralidade a uma simples circulação de salamaleques ou de virtudes humanitárias. Trata-se, ao contrário, do saber estar, e agir, e falar… conduzindo-se um cidadão por uma legalidade tão normal como seja a de ser bem educado. Educados… somos todos. Só que, na prática, deverá haver motivos para se definir alguns como praticantes e tantos outros, como faltosos. Nos tempos que correm o essencial é o alicerce. Em tudo. E era preciso demonstrar que voos altos, exigem sempre o que é primário, sem nunca estabelecer divisões nem hostilidades.
Se o mais simples e prático deve ser avaliado com nota altamente positiva, que nunca o seja para ridicularizar as alturas da reflexão ou da competência do pensar. Ilustro este último parecer com uma nota histórica, aliás bem útil nesta em que, olhando o futuro, se organizam planos (até os pastorais) e se chama a atenção para o que deve ser feito (normalmente, por que nunca o foi…). E a narrativa é simples: numa diocese do nosso país, os agentes da pastoral só queriam receitas práticas, soluções à mão, nada de complexo (“que as pessoas não compreendem.”, clamavam os porta-vozes do povo) mas um dia, caiu-lhes em sorte como pastoralista-mor alguém de pensamento, de livros e experiências, que o próprio cultivava. Foi árdua a adaptação. Mas, épocas mais tarde, quando surgiu um outro, mais “terras à terra”, consta que as gentes do povoado falavam, voz alta: “não queremos saber mais o que é preciso construir. Só temos saudades de quem nos dava razões para o fazer.”

MDN – Capelania Mor - 1 de Julho de 2011
D. Januário Torgal Mendes Ferreira
Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança


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