A Igreja não tem salvação?...
Este é o início da minha postagem.
Num artigo publicado no Diário de Notícias de 21 de Maio, um colunista nosso conhecido que aí costuma expressar as suas opiniões semanalmente, e que eu leio de vez em quando, começava o seu testemunho com esta pergunta: A IGREJA AINDA TEM SALVAÇÃO?
Depois, no rasto do teólogo alemão Hans Kung posto há muito pelo Vaticano no catálogo dos hereges mas que ele segue devotamente, o autor refere-se na quinta e última coluna do seu artigo à nossa Igreja, dizendo-a “altamente hierarquizada e ao mesmo tempo caótica", e acaba por concluir com as seguintes admoestações, além de outras que me abstenho de citar: “deve-se acabar com a Inquisição e com todas as formas de repressão"; "deve-se permitir o casamento dos padres e dos bispos”; “deve-se abrir às mulheres todos os cargos da Igreja”; “deve-se incluir a participação do clero dos leigos na eleição dos bispos”; “não se pode continuar a vedar a Eucaristia a católicos e protestantes".
Confesso que me senti magoado e triste com toda esta diatribe e o mesmo me aconteceu já mais vezes.
Primeiro porque, amando a Igreja como minha Mãe muito querida, a quem devo tudo o que sou (julgo que o colunista a amará tanto ou mais do que eu), não gosto que alguém a trate deste modo; segundo porque, apresentando-se como teólogo e sacerdote, o autor é causador de uma enorme confusão entre os seus leitores num púlpito de tanta audiência; terceiro porque, sendo um membro da igreja e continuando dentro dela, os inimigos da igreja aproveitam-se do que ele escreve para enfatizar as suas críticas, fazendo dele o seu porta-bandeira. Alguém lho devia já ter dito.
Já ouvi vários jornalistas e comentadores que se dizem orgulhosamente laicos a pô-lo nos píncaros da fama, como único homem lúcido que a nossa Igreja tem em Portugal. Será assim?
A Igreja – Comunidade de Jesus no Mundo – portadora da Sua mensagem e continuadora da Sua Obra Salvadora pelo mandato que recebeu do Fundador, é constituída por homens frágeis, defeituosos e mesmo pecadores. Sem dúvida. Quem de nós já está constituído em santidade? Quem de nós já está beatificado ou envolvido em manto de inocência? Só quem é já perfeito teria algum direito de lhe atirar alguma pedra! Penso eu!
A Igreja, na medida em que é constituída por homens, nunca foi perfeita. Nenhuma instituição é perfeita...mas, se a Igreja não é perfeita, que diremos das instituições políticas e sociais deste país e deste mundo?!
Se o Papa e os Bispos que dirigem a Igreja por mandato de Cristo mantêm esta disciplina e estas regras… fá-lo-ão por ignorância, por orgulho, por teimosia, ou por falta de lucidez?
Não o creio. Parece-me estranho que o articulista e o seu mestre saibam tanto e tenham tanta razão, e que tantos outros teólogos do mundo saibam tão pouco e sejam tão atrasados e teimosos. Uma coisa é a responsabilidade dura e séria, outra coisa é o exibicionismo e a procura de audiências!
A crítica positiva, honesta, humilde e bem intencionada à Igreja e às suas instituições é benéfica, e deve ser sempre bem-vinda. Para a fazer, não é justo porém que alguém continue a comer em casa, e se passe de vez em quando para o campo do adversário para, de lá, acirradamente, atirar pedras à sua própria mãe, à sua própria família.
Não gosto disto.
Não o posso aceitar.
Resende, 25 de Maio de 2011
J. Correia Duarte
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