Jornal de Opinião

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19/05/11

Ao Compasso do Tempo - Crónica de 20 de maio de 2011

Pediram-me, e a mais três intervenientes, que levantássemos questões por nós consideradas primordiais, ao eventual futuro governo. Foi na TSF no passado dia 12.

Publicito por escrito alguns desses problemas:
a) Se os pobres e os excluídos serão a primeira prioridade no futuro político e na dianteira orçamental?
Relembro que, em períodos críticos da nossa vida nacional, o grande pregão foi sempre o da exigência e esperança de uma justiça social sem receio nem demagogia.
Que medidas concretas se estudam para defender dois milhões de pobres? A pobreza será ou não um atentado contra os direitos da pessoa?
b) Não deverão os futuros governantes pronunciar-se sobre a matéria de taxas de impostos e de previsíveis encargos à medida que o tempo avança? Não se diz por aí que daqui a dois anos, mais pesadas medidas vão recair sobre os ombros da população?
c) Há dez anos, perguntei na TVI, a propósito já de dificuldades financeiras, o que “foi feito do dinheiro”…pois, na altura, uns meses atrás, afirmava-se que Portugal ia na dianteira…
Alguns (como foi o caso nesse diálogo na TSF, não perante os microfones, mas no intervalo, foi-me apontada a minha argumentação populista, senão trotskista (SIC)) ficam indispostos com uma interrogação certeira! Porquê o receio de se discutir a corrupção?
d) O que se espera realizar no tocante aos quantitativos gastos na campanha eleitoral? Respondem-me que os custos já desceram. Mas não nos envergonham tais gastos e desgastes, quando se trata de ir publicitar “produtos” em ordem a que os miseráveis desapareçam? Como se julgarão os traídos por gente que nos traz a salvação?! “Temos um povo que gosta de festa e de viver à base de ilusões”, ouço na televisão.
Não vai faltar carne assada para a malta da campanha, nem gasolina ou gasóleo ao longo do país fora…
e) Em muitas matérias e temas (saúde, justiça, educação…) como encontrar remédio para certo tipo de pessoas que se deleitam com dois objectivos: ter sempre do melhor; e, de preferência, tudo de graça.
As taxas moderadoras não têm sentido para quem não padece das dificuldades (as quais explicam a gratuidade de serviços de saúde para certas camadas populacionais)?
Parece que somos todos iguais quando se trata de viver à custa de certos benefícios. Que fazer neste domínio?
f) Pergunto ao futuro poder se estará disponível para estudar as propostas de cientistas sociais, cujo programa de índole internacional intitulado “Manifesto para um mundo melhor”, foi dado a conhecer no Público de 1 de Maio corrente?
g) Quando teremos uma agricultura auto-suficiente e uma política séria do mar e da classe piscatória?
h) Quando é que os partidos respondem às seis medidas que a Caritas Portuguesa, por escrito, lhes apresentou? E são fáceis… (defesa do Estado Social, rede básica de protecção social, tratamento de dados do atendimento social, desenvolvimento sociolocal, parcerias de corresponsabilidade).

Nota: Perguntaram-me qual a atitude das Forças Armadas e de Segurança quanto ao homossexualismo. A resposta na edição do “Público” de 15 de Maio pode deixar a impressão que há um estilo discriminatório. Ora o que vigora é um procedimento igual à maioria da população portuguesa, a saber: diferença no tocante à teoria e prática. Mas diferença não é discriminação. As Forças Armadas e de Segurança pensam o mesmo que todo o país.

Lisboa, 20 de Maio de 2011
Januário Torgal Mendes Ferreira
Bispo das Forças Armadas e de Segurança




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