Fátima, Nossa Senhora e as Crianças do “sim”
Fala-se muito a, e de, grupos, empresas, comunidades, associações, etc. Menos de e a pessoas singulares, e destas só das “importantes”.Uma sociedade de massas sem rostos, sem pessoas. Nossa Senhora nas suas diversas aparições, por exemplo nas de Fátima, seguiu outro caminho. Fala a pessoas; às vezes uma só, a três, cinco, como a dizer-nos que para ela uma só pessoa têm a importância de um tesouro.
Outras presentes vêem mas não ouvem. Em Lurdes só a Bernardete; na rue du Bac, Paris, só Catarina Labouré; em La Salette, Maximino e Mélanie. Há mais exemplos de outras aparições aprovadas pela Igreja (ver internete sobre estas e outras aparições).
Quais as razões de Nossa Senhora privilegiar esta abordagem personalizada em de mensagens directamente a grupos maiores, a multidões. Dir-se-ia que Nossa Senhora deseja transmitir a mensagem de que uma só pessoa é um valor precioso, incalculável; e que uma só pessoa pode ser digna da sua confiança e de uma missão extraordinária a transmitir por ela a toda a humanidade. Deus pesca à linha mais que à rede, deseja antes de tudo o sim livre de cada pessoa, o mais importante da vida de cada uma. O meio sim e o meio não das multidões mentalmente diminuídas, nem quente nem frio, não lhe agrada. Nossa Senhora personaliza os seus destinatários e usa poucas palavras, seu Filho é a Palavra.
Outra escolha comum, de poucas excepções, é a preferência de Nossa Senhora por crianças para intermediárias das suas mensagens de paz, de conversão e de salvação. As crianças a que tantas vezes se reconhece tão pouco valor e que são agredidas e violentadas com abusos inauditos, são as suas preferidas. Porquê, podemos pensar? Por ela ser Mãe, por ela ter mais confiança nelas que nos adultos, por elas estarem mais disponíveis para aceitar o Reino de Deus, como Jesus disse? O pároco na aparição de Pontmain, Laval, França, ao verificar que só as crianças viam, concluiu: elas são mais dignas que nós e também estavam a rezar muito para a aldeia ser poupada a guerra iminente, como foi.
O mínimo que se pode dizer dos métodos de Nossa Senhora é que são muito inovadores. E, diríamos, são mesmo interpelantes ao valorizar cada pessoa e reconhecer as crianças dignas de graças e do estatuto tão importante de mensageiras do Evangelho. No decurso das aparições de Pontmain, em 17 Janeiro de 1871, um dos pais pega no filho de 4 anos ao colo para ir com ele e mais duas filhas pequeninas aonde as outras crianças de 6-12 anos, estão a dizer que vêem Nossa Senhora. Os adultos não vêem e a criança exclama: eu vejo, têm um vestido azul… estrelas no vestido! Cala-te, diz o pai, tu nem sabes o que é azul. Sei, sei, quando ao domingo vou à Missa levo um gibão com mangas azuis. Pode-se lá acreditar num menino desta idade? desabafa o pai e avisa: vá, vê mas não digas nada. Duas crianças de 2 anos também começara a balbuciar que viam e os adultos sem ver nada a não ser as descrições das crianças.
No primeiro inquérito do bispo os inquisidores não têm em conta os testemunhos das crianças mais pequenas mas só as de 7 anos para cima: os seus testemunhos não teriam valor jurídico.
Nossa Senhora deleita-se em pedir às crianças de forma simples a oração do rosário, sacrifícios pela paz e conversão. Quando elas dizem sim, como em Fátima e noutras aparições, acena-lhes com alguma vocação de consagração. Lúcia, Bernardete, Mélanie, e três videntes de Pontmain foram religiosas e sacerdotes. Outros viveram uma vida cristã comprometida na fé com a Igreja. Deixai vir a mim as criancinhas…
Funchal, Semana das vocações,12-13 de Maio de 2011
Aires Gameiro
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