Jornal de Opinião

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25/05/11

A mudança mais urgente...

Na hora em que escrevo, ainda não sei quem vai ganhar as eleições e governar o país.
Seja porém quem for, para lá de todas as reformas que é preciso fazer, muitas, e urgentes, há uma que é prioritária e inadiável. Prioritária porque um país que aprova e paga a morte e não protege nem defende a vida é um pântano mal cheiroso, um cardal de vergonha, um abismo sem nome, um poço sem saída, uma sociedade sem futuro, uma civilização que nem a si própria se respeita.


Desde 2007, data em que, por iniciativa de quem nos tem vindo a governar, o aborto de crianças até aos 10 meses de vida, a pedido da mulher, se tornou juridicamente legal, depois de um referendo com participação reduzida e explicado com falácias e sofismas, já se mataram no país à beira de 60 mil bebés, ou seja, uma média de 15 mil por ano. Segundo as estatísticas da Direção Geral de Saúde, 56 mil duzentos e trinta e nove até Agosto de 2010.

De anotar ainda o seguinte: 40% das mulheres que abortaram não tinham qualquer filho; 21% dos abortos foram feitos por mulheres que já tinham abortado antes; 2% dessas mulheres tinham abortado no ano anterior. Pasme-se!

Mais: Esses 60 mil abortos custaram ao Estado (a nós que somos quem paga tudo!) cerca de cem milhões de euros.

A legalização do aborto abriu espaço à banalização do sexo e à legitimação de inúmeras pressões sobre as grávidas, por parte dos empregadores, das famílias e dos comparsas, levando muitas mulheres a abortar contra sua vontade e marcando-as para sempre com traumas e depressões insofríveis e incuráveis.

Para além do mais, as incongruências são muitas e escandalosas: uma mulher doente, com baixa médica, só recebe 56% do seu ordenado, mas, se abortar, fica com “licença de maternidade” 30 dias por inteiro (como se ficasse a dar de mamar ao seu bebé…) e recebe 100% do seu ordenado. Um grande prémio! Até parece que ter filhos é crime e abortar é virtude!
O governo retirou dezenas de euros a milhares de mães no abono dos seus filhos, mas paga centenas de euros às que decidem abortar.

As doentes a operar, muitas vezes com urgência, ficam em lista de espera e estão sujeitas a taxas moderadoras; as que quiserem abortar entram logo, com tudo pago, mesmo que se trate de gente rica e com haveres, e, se não houver condições no público, podem recorrer aos privados, com pagamento garantido no total.

Simplesmente uma vergonha! Os próprios médicos são os primeiros a revoltar-se e a denunciar toda esta desvergonha sem classificação possível: para além das notas emanadas da Ordem dos Médicos, contrárias ao aborto, sabe-se que cerca de 80% dos obstetras do país se recusaram a realizar abortos, com base na chamada “objeção de consciência”.

Para onde corre este país, em que se morre mais do que se nasce? Logo em 2007, para substituir os 104 mil cidadãos que faleceram, apenas se deixaram nascer 102 mil crianças.

Em boa hora se acabou com a escravatura; em boa hora se tornou ilegal e criminosa qualquer tortura e mau trato; em boa hora se pôs termo à pena de morte em Portugal.
Como se explica que, atingido todo esse progresso civilizacional na defesa do valor da vida e dos direitos humanos, abarcando até pessoas comprometidas com crimes e actos condenáveis, se veio agora a cair nesta aberração de dar a morte, impunemente, a seres indefesos, inculpados e inocentes?

Só uma coisa pode servir de explicação: o egoísmo e o desregramento desta nossa civilização ocidental que parece não mais ter cura e caminhar apressada para o abismo: morrendo por si própria, aos poucos, de morte natural, ou sendo esmagada com violência, por outros povos e outras civilizações... que já cá moram!

Acabe-se de vez com este flagelo que de norte a sul varre o país, destruindo vidas, mulheres, famílias, e pondo em causa a economia e o futuro da nação.

Antes de tudo o mais, é isso o que eu espero do futuro governo que vamos ter.
Seja ele qual for.

Resende, 23 de Maio de 2011
J. CORREIA DUARTE


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