Ao Compasso do Tempo - Crónica de 01 de Abril de 2010
Leitura semanal dos problemas do Mundo e da Igreja
Nem a ocultação nem a caça às bruxas. Nem a desculpabilização, que agrava o crime, nem o farejar doentio à busca de sangue.
A confidencialidade no tocante a desmandos pode traduzir o brio falso da instituição (família, Igrejas, partido político, clube desportivo…) ao procurar defender as aparências, encobrindo a verdade e o escândalo ou, em tantos casos, embora de forma tosca, a esperança da cura ou da mudança.
Trago à memória pessoal e colectiva alguns sobressaltos da opinião pública, no momento da revolução de Abril: em todas as esquinas adivinhava-se um “pide” …; em escolas, aldeias ou autarquias estendia-se o dedo ao “explorador” do povo e os saneamentos igualaram o fedor que a sã higiene sempre quis evitar.
Houve vítimas, que não foram réus; houve réus que não chegaram a vítimas.
E, nos inícios do “fenómeno Casa Pia”, ouviu-se não poucas vezes, o juízo irónico de que, no fim, só seriam condenadas as crianças exploradas… Mas houve também a sensatez para se afirmar que muitos julgados pela turba, sem a mínima presunção de inocência, seriam, porventura, isentos de qualquer culpa.
Nas grandes emoções ou nos “barulhos da praça” há sempre alguém que grita: “agarra que é ladrão”…
Lembram-se que, nos preâmbulos do “Casa Pia”, houve órgãos de informação que alvitraram serem eventuais abusadores, dois ou três nomes sonantes, até de algum xadrez político, com fotografias e letras graúdas?
Não restem equívocos: a verdade, sempre! Custe o que custar… e a quem custar. Certas notas atenuantes ou certas desculpas de ocasião “enterram” quem as profere (tem sido o caso), a instituição visada e os indiciados.
Dá a impressão que tudo é campanha ou má vontade. Em alguns casos, podê-lo-á ser (entre nós até um primeiro ministro não se livrou de uma campanha sexual, em momento eleitoral (!), que muitos puristas alimentaram. O que pensará hoje Hulk a propósito de um simples túnel?!!!)
Mas, no caso presente da pedofilia, há, pelo mundo, objectividade de casos numerosos e de suas decisões jurídicas. Uma andorinha não faz a Primavera, é verdade.
Mas também é verdade que a parte de um todo esteve ou está doente. E o “corpo é que sofre” (pela solidariedade e… pela infâmia)
O amor da Verdade é caminho para a Verdade do Amor!
A Semana Santa e a Páscoa de 2010 no-lo recordam. E mais uma nota: seria bem útil ler os dados que aparecem na edição do Diário de Notícias, de 29 de Março corrente, pag. 6, onde se diz que para José Braz, responsável da directoria de Lisboa e Vale do Tejo da Polícia Judiciária, os dados de Pedro Pombo, inspector da mesma polícia, em regime de licença sem vencimento, na tese a ser apresentada na universidade de Salamanca, “carecem de sustentação estatística sólida”, acrescentando: “só os conheci pela comunicação social e verifico que não correspondem à verdade”.
Lisboa, 01 de Abril de 2010
D. Januário Torgal Mendes Ferreira
Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança
http://castrense.ecclesia.pt
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