Jornal de Opinião

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29/03/10

O nosso "Santo Fundador"

Aproxima-se mais uma vez a celebração feliz da Páscoa Cristã.
Nós, discípulos de Cristo pelo Baptismo e pela Fé, celebramos nestes dias os maiores acontecimentos da história da salvação da humanidade: a Morte e a Ressurreição de Jesus.

Sabemos todos, certamente, que as comunidades religiosas, de homens ou de mulheres, têm uma enorme estima e uma santa veneração pela pessoa que deu origem à sua Ordem e até usam chamar-lhe “o nosso santo fundador”. É o caso de S. Francisco para a Ordem Franciscana, de S. Inácio para os Jesuítas, de S. Bento ou S. Bernardo para os Beneditinos, de S. João Bosco para os Salesianos, de S. Clara para as Clarissas e de S. Teresa para as Carmelitas, para referir apenas as mais antigas e mais notáveis.
Outro tanto acontece com as grandes religiões do mundo. Todas tiveram o seu próprio fundador, a quem veneram como justo e venerável e a quem celebram como inspirador e modelo: Buda - o criador do Budismo; Maomé - o fundador do Islamismo; Abraão - o promotor do Judaísmo; e Jesus, o iniciador do Cristianismo.
Todas as religiões que há no mundo têm um dogma e uma moral, indispensáveis e úteis à vivência feliz de cada ser humano. Eu chamar-lhes-ia imprescindíveis, por corresponderem a uma ânsia natural do homem que nada nem ninguém consegue preencher ou saciar. Em todas as religiões há verdades úteis e virtudes necessárias. Eu costumo dizer que é melhor ter alguma religião do que não ter nenhuma. Não crer em nada e não seguir nenhuma norma moral com o mínimo de seriedade é viver sem sentido e caminhar sem esperança: infelizmente, em nossos dias de materialismo e indiferentismo, é o que mais se está a ver.
Assim sendo, e havendo hoje uma profunda ignorância nos assuntos da religião, existe a tendência de considerar e afirmar que todas as religiões são boas, que todas são iguais, que todas têm valor idêntico…e cai-se no indiferentismo, não valorizando nenhuma e desinteressando-se de todas. Se eu vivesse assim, acho que seria a pessoa mais infeliz do mundo! – acrescento sinceramente.
Há porém profundas e indiscutíveis diferenças entre o Cristianismo e as demais religiões
Antes de mais, porque os fundadores das outras religiões, por mais justos e bons que tenham sido, foram simples seres humanos: frágeis, falíveis, e mortais como todos nós. Buda morreu. Maomé morreu. Confúcio morreu. Abraão morreu. Nenhum está vivo. Nenhum está no meio dos seus seguidores.
Com Jesus não é assim: do Seu exemplo e da Sua acção, ficou bem claro para todos os crentes, e também para os não crentes que aprofundam a história e estudam os documentos, que não foi e é um simples homem igual a nós. Quem dá vista a cegos de nascença com um exíguo toque, acalma uma tempestade com um elementar sinal de mão, cura leprosos incuráveis com um pequeno gesto atencioso e ressuscita mortos com uma simples ordem imperativa, não é apenas um ser mortal ou um homem pecador. O nosso fundador é divino, eterno e imortal. Assim o viram aqueles que conviveram com Ele.
Todos os outros fundadores de religiões nasceram de um pai de uma mãe como nós todos nascemos, e morreram no termo dos seus dias como nós morremos. Com Jesus, tudo se passou de outro modo bem diferente: nascido por intervenção divina, quando chegou a Sua e a nossa hora, entregou-se às afrontas e aos insultos, às humilhações e à tortura, com uma humildade e uma paciência inacreditáveis, e levou a sua entrega até à morte voluntária e redentora, como prova do Seu grande amor por nós! E não só por nós! Ele disse aos seus discípulos: por vós e por todos! Portanto, por todas as pessoas do mundo, pela salvação de todos os filhos de Adão: de qualquer terra, de qualquer tempo, de qualquer raça, de qualquer religião.
E outra diferença fundamental existe: JESUS, O NOSSO MESTRE E FUNDADOR RESSUSCITOU! ESTÁ VIVO! PARA ALÉM DE ESTAR COM O PAI CELESTE, ESTÁ TAMBÉM CONNOSCO, OS SEUS DISCÍPULOS: NA MISSA QUE CELEBRAMOS, NA HÓSTIA QUE COMUNGAMOS, NO SACRÁRIO QUE VISITAMOS.
Nenhuma religião tem isto! As outras têm o seu Livro Sagrado, podem ter uma imagem ou a estátua do fundador, mas não o têm a ele, vivo, tão real como quando andava cá. Simplesmente porque morreram e não consta que tenham ressuscitado!
Se corrermos a biografia de Jesus, escrita por aqueles que andaram com Ele, que ouviram tudo o que Ele disse e viram quanto Ele fez, não conseguimos encontrar uma palavra ou uma acção menos própria ou menos recomendável. Quem viveu assim? Quem morreu desta maneira? Quem está vivo, depois de ter morrido? Os seus discípulos dos primeiros dias viram-nO depois de ressuscitar. Uma e outra vez. Em grupo e em multidão. E não era um espírito ou um fantasma: falou com eles; comeu até com eles.
Mas há mais.
Tendo morrido por todos os homens e mulheres do mundo, Jesus pôs a salvação ao alcance de todos! E por isso, em qualquer parte do mundo, em qualquer religião, quem procura a Deus de boa fé e com um coração sincero, segundo o que aprendeu ou lhe ensinaram, e pratica a justiça e faz o bem, é aceite por Deus e está no caminho da salvação.
Não acontecerá porém o mesmo a quem prescinde de Deus na sua vida e vive num culpado indiferentismo religioso (como se não precisasse de Deus para nada e como se Deus não existisse), esquecendo, desprezando e minimizando tudo o que aprendeu ou lhe ensinaram…e há agora tantos discípulos de Jesus que assim vivem!
Se acreditamos, como dizemos… mas prescindimos culpadamente de Deus e vivemos como se não crêssemos n’Ele ou Ele não existisse…que futuro esperamos? Prémio? Recompensa? Salvação?... Não tem lógica nem sentido racional.
Ser cristão (em vez de budista, muçulmano ou judeu) tem esta grande diferença: nós acreditamos e seguimos um Deus Vivo que nos ama, que nos mostrou o Seu amor e o amor do Pai dando a Vida por nós numa Sexta-Feira Santa, que ressuscitou ao terceiro dia no Primeiro Dia de Páscoa, que se junta a nós quando nos reunimos em Seu nome, que trilha connosco os caminhos duros da nossa existência e que continua a ensinar-nos com a Sua Palavra e a salvar-nos com os Seus Sacramentos.
Que mais nós queremos? Que mais nós precisamos?
Procuremos ser dignos de tal Senhor, e seguir tal Mestre e tal Amigo!
Páscoa Feliz para todos os leitores!

Resende, 20.04.10
Correia Duarte

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