Jornal de Opinião

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18/02/10

A publicidade do amor

Atónito e comovido, o mundo inteiro tomou conhecimento das notícias relativas à situação, recentemente criada no Haiti, pelo sismo que abalou o país. Para além do incrível sofrimento de toda uma população, já por si bastante atacada pela pobreza, uma nota positiva, no entanto, merece ser destacada: a da solidariedade que este acontecimento gerou e a doação de inúmeros voluntários que souberam actuar de forma generosa, face a tão grande e ampla catástrofe.

Num mundo que vai perdendo a sua face humana e negando os valores cristãos, devem ser reconhecidas e publicadas as acções desinteressadas de quantos são ainda capazes de actuar em favor do próximo; e sobretudo, em favor daqueles que mais sofrem. É neste sentido que essas acções devem ser reconhecidas, com pleno direito de cidadania, na cidade dos homens. Embora sujeitando-se à difícil dialéctica que resulta da complexidade humana, o voluntariado generoso que vimos actuar nesta circunstância, realizou a sua vocação de semente – mistério de amor, de morte e de vida – continuando a interpretar, com o seu exemplo, os espíritos mais cépticos e mais passivos...

Embora geralmente vocacionado para valores perenes e transcendentes, o voluntariado autêntico privilegia o que é humilde e insignificante, o que não é “rentável” aos olhos dos nossos contemporâneos. E a sua opção de amar e servir a todo o custo aqueles que ninguém ama nem serve, transformam-no, de facto, em fiel de uma balança em que o menos vale mais e o mais vale menos.

A sua lógica é oposta à lógica do nosso mundo: os pobres e os pequeninos, com quem Deus se quis identificar, são os primeiros a serem amados e servidos. A verdadeira grandeza humana está precisamente nesta coragem de ser diferente, de ser menor, de procurar a própria grandeza no serviço e na doação; e de se inclinar, sem interesses próprios nem pretensões económicas, sobre todas as misérias humanas.

Não é por isso destituído de sentido concluir esta breve reflexão com a frase ingénua de uma criança que, encantada, contemplava um dia, no céu, o sinal que após A tempestade anuncia a bonança: “O arco-íris é a publicidade de Deus!”

A beleza policromada dos vários estilos e motivações de generosidade humana, a exemplo do que se passou no Haiti, forma um autêntico arco-íris de paz; e bem pode ser considerada uma sempre actual publicidade de Deus, assumida por corações generosos, que remando contra ventos e marés, são ainda a luz do mundo e a de um amor generoso e vivificante, junto de tantas pessoas atingidas pelo sofrimento.

Ir. Mª Isabel A. Coutinho, FMA

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