Ao compasso do tempo - 06 Abril de 2012
Inscrever a fé cristã no tecido da sociedade é a nossa missão. Mesmo alguns não católicos, à semelhança do sociólogo Marcel Gauchet, desejam que a Igreja não se retire das sociedades secularizadas mas que aí invente novas formas de presença. Que os valores e os critérios do Evangelho iluminem e qualifiquem os normais comportamentos humanos, seja o civismo, seja a pesquisa científica, seja uma associação solidária de moradores. É o fermento a levedar, sem ser precisa uma apresentação (um bilhete de identidade ou um distintivo na lapela do casaco). E continua Gauchet: “mas que este estilo de viver seja sempre respeitador do carácter não religioso que aí se respira”.
Recusamos os silêncios e o negativo: a violência, a insegurança, o desemprego, a corrupção…
Mas temos dificuldade em responder positivamente: como defender a dignidade humana? Como prestar a atenção a situações de pessoas do nosso ambiente profissional?
Como desenvolver um espírito de civilidade e de cidadania no prédio onde habitamos? Como exercer a justiça junto de quem nos serve? Como plantar um tom de humanidade no dia a dia, indiferente e distraído? Como celebrar a Páscoa, se não somos protagonistas da grande corrente de libertação, que se apõe à escravatura de toda e qualquer ordem, impedindo que a desilusão de tantas espécies de morte abafe a nossa alegria de viver e coexistir?
Num tempo, em que se promove a espiritualidade(s), para além dos muros da religiosidade, como encher o mundo de novos valores a partir da espiritualidade em que acreditamos?
Lisboa, 06 de Abril de 2012
D. Januário Torgal Mendes Ferreira
Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança
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