Jornal de Opinião

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28/03/12

Só 20% das famílias faz poupança

Quase noventa por cento da poupança das famílias portuguesas é feita por apenas vinte por cento dos agregados familiares. Esta conclusão é resultado de um estudo da Associação portuguesa de seguradores que chegou ainda à conclusão de que trinta por cento das famílias lusas apresentam uma poupança negativa, isto é, gastam mais do que aquilo que ganham.

Ainda, segundo o estudo citado, há três contributos que o Estado português deveria apresentar para ajudar a fomentar a poupança e, assim, revitalizar a economia nacional:
- o Estado deverá ele próprio poupar;
- todas as medidas de política económica devem ter em consideração o seu impacto sobre a poupança;
- a defesa da estabilidade e previsibilidade das políticas de promoção de poupança.

= Assumir-nos como povo... sem rumo
Depois de quase duas décadas (anos 80 e 90) de destempero nas coisas das finanças – pessoais, familiares, autárquicas, sociais, do Estado, dos governos e outras – eis chegado o momento de sermos mais autênticos e comedidos, seja nas aspirações, seja nos gastos e até nos projetos... atuais e futuros.
Somos, de fato, um povo de extremos: ora vivemos na penúria e na resignação, ora na ostentação e no esbanjamento. Parece que nos deixamos seduzir pela euforia, caindo, ao mais pequeno contra-tempo, na depressão (pessoal e coletiva)... confrangedora.
De alguma forma até parece que gostamos de quem nos iluda e (quase) abjuramos quem nos diga a verdade... mesmo que ela seja evidente. Veja-se a apreciação que se vai fazendo dos mais recentes governos da Nação: quem nos enganou até parece que já está perdoado por nos ter afundado na mais grave crise económica e social nos últimos quarenta anos! No entanto, quem nos chama à realidade parece tornar-se inimigo público – pelo menos para uns tantos perdedores no último ato eleitoral – surgindo certos paladinos da desgraça como mentores da revolução... usando ou instrumentalizando, inclusivé, armas e forças armadas. Quem representa esse tal ‘herói’ que tais impropérios patrocina? Será que alguém ainda o leva a sério nas suas diatribes revolucionárias? Se não é considerado doente – se for declarado sem responsabilidade no que diz, poderá ser inimputável – não deverá ser criminalizado pelos vitupérios que ostenta?
Efetivamente, temos de aprender a viver com o que temos, honrando as nossas dívidas e pagando a quem nos ajuda. Basta de caloteiros ingratos, altivos e anónimos!

= Educar (urgentemente) para a poupança
Reportando-nos ao estudo citado cremos que é chegada a hora de assumirmos uma nova atitude de vida: para além da austeridade imposta pelas circunstâncias, temos de optar por uma poupança assumida, consciente e ousada. Explicando:
- Poupança assumida – ninguém no-la impõe, somos nós que a aceitamos porque sabemos, conhecemos e vivemos segundo as nossas posses e não sob a imposição do consumismo explorador da nossa identidade pessoal e coletiva.
- Poupança consciente – antes de nos metermos em qualquer empreendimento fazemos bem as contas e não nos fiámos na benesses – muitas delas enganosas e encapotadas em publicidade falseadora – de quem nos empresta dinheiro para vivermos acima das nossas possibilidades.
- Poupança ousada – calculando os riscos não ficamos a invetivar quem possa ter melhores meios de vida do que nós, mas tentamos fazer algo de mais válido e até valioso, deixando – com se diz no espírito escutista – este mundo um pouco melhor do que o encontramos.
Terminamos com uma breve anedota (adaptada), que lemos há dias: À porta da empresa estamos dois operários. Um era alemão e o outro era português. O alemão, vendo passar o patrão num grande bmw, diz: ‘ainda hei-de ter um daqueles’. O português ripostou, vendo passar o seu patrão num mercedes: ‘anda sacana, que ainda hás-de andar a pé como eu’!
Numa palavra: é uma questão de mentalidade... e de cultura!


António Sílvio Couto
(asilviocouto@gmail.com)



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