Ao compasso do tempo - 16de Julho de 2010
Em matéria de cultura política e de situação de verdade, chegamos a um ponto convergente: todos andam zangados! Até a este momento, era contra algumas pessoas… Mesmo, do ponto de vista fraterno da Igreja Católica, quem falasse de pobreza, de salários injustos, de situações sociais infernais, de que sector surgiam as críticas, o dedo estendido, o “português” que não vem no dicionário educado? Não respondo. Mas a missão evangelizadora, de que sou intérprete, tem obrigação de pôr fim à confusão, de esclarecer situações, de discutir aspectos sociais concretos.
Vamos defender a quebra de salários de funcionários públicos?
Vamos aumentar impostos a partir de uma determinada base ou instância? Prosseguiremos com os pobres às nossas costas, fechando a boca, diferindo do estatuído oficial, apanhando com os adjectivos de demagogos e aproveitadores da oportunidade, acusando o desperdício e apanhando com o desperdício na cara, zangando-nos e conspirando… E, quando nos encontramos em grupos e sectores, mais abertos ou fechados, são, em multidão, os “ditos” as histórias, as narrativas de corrupções, os inventonas, as tristezas de ruas escuras.
Mas volto ao início, para defender todos quantos, desde há longos anos, clamaram contra as desgraças e opressões, o imperialismo das opulências, os desvios e injustiças.
Então, agora, falam todos em desgraça? E os que chamaram a atenção? E os que pediram salvação e amor á Pátria? E os “aproveitadores” que, no silêncio e na sombra, estiveram atentos aos denunciadores, e para si fizeram refluir cargos e dinheiros?
E, na sequência do que tenha chamado á atenção nas últimas semanas, ponho-me, como Igreja, em questão… Alguém me escreveu, há poucos dias, profundamente ferido na sua sensibilidade católica, pela razão de ter escutado, uma homilia na Antena 1, em 4 de Julho corrente, onde era zurzido, de forma mais desumana, um sacerdote de Lisboa, falecido em 1998, e do qual era referido que após traição, se terá convertido porque foi vítima de doença cancerosa.
E, homilias deste jaez decorrem há mais de vinte anos! E no mesmo lugar! Quem permitiu tal continuasse?! “Isto” é dito e comentado!
É urgente a produtividade. Mas a favor de todos. O produto desqualificado não tem mercado. Ninguém compra a má qualidade.
Nos sectores da Igreja, acontece o mesmo… E, mais ainda: em governo público e em acção da Igreja, todos gritam pela urgência da “criatividade”. Mas “criar”, ou seja, originar novos aspectos no acolhimento, na administração dos sacramentos, na produção catequética, num conjunto de acções formativas (que não há!), não deverá ser uma responsabilidade?
Na altura que passa, nunca se falou tanto em responsabilidade!
Só espero que, em nome da nobreza tão própria, ninguém nos atire ainda mais para a desgraça. Mas, de minha parte, sem pessimismo. Sem desesperança! Havemos de dar a vitória à dignidade! Havemos de mudar para melhor!
MDN, Capelania Mor, 16 de Julho de 2010
Januário Torgal Ferreira
Bispo das Forças Armadas e de Segurança
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial