Parlamento Europeu preocupado com os danos causados pelo álcool a não consumidores
No dia 2 de Fevereiro de 2010 realiza-se em Bruxelas um seminário no Parlamento Europeu em que vão ser debatidos os custos sociais do álcool dos bebedores aos não consumidores e as politicas para os reduzir.
A redução dos danos do “beber” passivo é uma fonte de preocupação dos promotores e motivadores da saúde e do bem-estar dos cidadãos. Em Portugal a atenção aos danos do beber “passivo” está a dar alguns passos mas a indiferença é grande; a distracção com os efeitos sociais empolados por interesses alheios ao bem comum é mais frequente. A indústria e o comércio das bebidas mantém um lobby permanente desses interesses e lucros à custa de milhões de euros.
Mas que danos serão esses?
O álcool e violência interpessoal dos embriagados, o vandalismo, os assaltos sexuais com que a policia lida todos os dias; os comportamentos agressivos nas urgências hospitalares enfrentadas pela enfermagem; a violência doméstica, e os acidentes rodoviários são alguns dos temas debatidos no seminário do dia 2 de Fevereiro. As situações e sequelas das crianças que vivem em famílias com problemas de álcool constituem outra enorme fatia das vítimas invisíveis do álcool. Não é, porém, menor o dano do consumo de álcool para as crianças ainda não nascidas.
Donde vem estes danos?
De uma cultura e hábitos de consumo que andam pela média de 11 litros de álcool puro por cada habitante/ano o equivalente a mais de 100 litros de vinho ou 300 de cerveja.
É esse consumo que vai muito para além dos danos da saúde e do bem-estar do bebedor. Incluem vandalismo, assaltos sexuais, acidentes rodoviários , danos às crianças que estão para nascer, e outros.
Tem-se encolhido os ombros a estes danos. Os políticos e mesmo os institutos de investigação passam ao lado deles para se dedicarem a temas mais da moda do momento.
E contudo cada ano na Europa o álcool está na origem de verdadeiras barbaridades.
Como seja metade de todos os crimes de violência com mortes, ferimentos a pessoas que na maioria dos casos não consomem. E estamos apenas a falar de crimes cometidos nas ruas e nos lugares públicos. A estes somam-se 40% dos crimes e violências domésticas causadas pelo álcool dos agressores.
Infelizmente o quadro é ainda mais negro, quando se verifica que 4 em cada 10 dos assassinatos são cometidos por assassinos “bebidos”, atingindo 2.000 na Europa por ano. Somemos agora 10.000 mortes de álcool nas estradas regadas com álcool dos condutores.
É ainda o álcool que está na origem de cerca de 16 em cada 100 das crianças batidas, abusadas, abandonadas, oprimidas.
Mas o que devia impressionar e fazer agir são os 5 a 9 milhões de bebés que nascem ou são afectados por nascerem e viverem em ambiente de famílias alcoolizadas.
19.01.2010 A.G.-SAAP
(com dados da EUROCARE)
Aires Gameiro
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