Jornal de Opinião

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02/06/10

Bento XVI saiu ileso do último laço

O laço tem sido armado inúmeras vezes. No primeiro século os chefes, os anciãos e o seu lugar tenente Saulo fizeram tudo para fechar e exterminar aquela Gente. Os poderosos e organizados Romanos, com meios de força quase invencível, pretenderam durante três séculos acabar com os cristãos e a Igreja. O primeiro Pedro foi encurralado e morto. Para exasperação dos “caçadores” novos Pedros lhe sucederam. A Árvore da Igreja apesar de algumas doenças dos seus membros continuava viva e a crescer.

Novo turno de caçadores violentos e desorganizados, os Bárbaros, arremeteram de todos os lados: do Norte, Oriente, às portas de Roma, no Norte da África, por toda a Europa onde havia nome cristão. Foram implacáveis no saque e na destruição. Muitos deles, seduzidos pela novidade cristã, pararam e renderam-se à guarda de Pedro e dos seus. Nem todos foram modelos.

Acalmadas as arremetidas dos bárbaros, irromperam novas tentativas de encurralar a Igreja e os sucessivos Pedros de turno. Era a vez das hostes do Islão. As Igrejas do Norte da África foram engolidas, na Península Ibérica só sobrou uma faixa estreita entre os Picos da Europa e o mar, a França esteve quase enlaçada. Houve misturas de moçárabes e mudéjares, ora fiéis ou meio-meio. Houve cruzadas em que se misturou o pecado. O Islão ressentido tenta agora encurralar a Europa cristã a partir do Oriente. Arremetidas por terra e por mar, era uma questão de mais algum tempo para Viena, Roma, e o seu Pedro, serem apanhados e encurralados. Seria o fim. O laço apertou-se e o Rebanho ficou livre.

Ainda este cerco ia na procissão e já a maquinação e escândalos dentro da Igreja de Pedro a iam destruindo. Lutero, Calvino, Henrique VIII; uns por consciência, estes por orgulho, outros por fraquezas pessoais, armaram laços insidiosos, atraentes, sedutores, e criaram rebanhos guerreadores separados. Porções colossais do Rebanho de Pedro, quase feridas de morte, de dentro e fora, definham e resistem agarradas ao tronco e a restos de seiva. A Árvore fica longamente a sangrar e a recompor-se. Cresce então para lá dos mares: ao Oriente até ao Japão; e ao Ocidente por todo o Continente Americano. A Mãe de todos os irmãos de João junto à cruz, em colina chamada Guadalupe, veio chamar povos imensos para se juntarem ao Rebanho do seu Filho.

O Inimigo da Família de Pedro não desiste. Na “Filha Primogénita”, roída de pecados, estala a Revolução Francesa, os regimes de terror e o despotismo que ela pariu com violência e artimanhas. Napoleão, enciclopédia, regicídios, iluminismos vesgos, expurgações sistemáticas de pessoas e estruturas de Igreja, prisões de Pedro quase conseguiam enfraquecer e encurralar o seu Rebanho já doente também de tantos desmandos. Até surgiram profecias da sua morte e funerais antecipados da Igreja por toda a Europa, incluindo na “Nação fidelíssima”. As epidemias de pecado medravam. Ferido pelas arremetidas de fora e de dentro, o Rebanho sofria e resistia.

A ameaça de novos pseudo-coveiros avoluma-se nos monstros comunista e nazi, e tudo fazia crer que o nome cristão e o Nome de Deus iam mesmo ser engolidos. O garrote do nazismo ameaçou, matou milhões e por fim rebentou como besta infernal. O dragão comunista ficou de serviço. Engordou, murou meio mundo; enganou e contaminou o universo de virulência mortal. Devorou milhões sem conta durante quase um século enquanto em colina de Fátima da nação “Fidelíssima” a Mãe e o Menino prometiam o seu fim se os seus filhos “quisessem”... Um Pedro, chamado JPII, já ferido pelo monstro, agarrado ao Crucificado e sua Mãe, bradou a leste e a Oeste, a Norte e a Sul; e um vento do Alto soprou e o muros do monstro desabaram. Mas…O cérebro do mal cismou que “a coisa”, só iria com mil disfarces. Uma pitada de cientismo, outra de secularismo, um nada de religiosidade nebulosa, um opinismo omnipresente, uma hostilidade moralizante em “favor” da Igreja poderia ser a receita infalível. E tudo com a colaboração ingénua de quintas colunas de pecado dentro do Rebanho de Pedro. Mas dos laços, embora feridos, Pedro e o Rebanho escapam sempre. Os caçadores agem com uma cegueira tremenda. Esquecem o Crucificado que saiu vivo do sepulcro. Crêem-no ainda encerrado e cegos não vêem nem a Ele nem sua Mãe ao lado de Pedro.

Fátima, 13 de Maio de 2010
Aires Gameiro


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