Ainda Bento XVI
De prestigiado oficial-general, responsável, ao tempo, da Chefia do Estado-Maior da sua arma, recebi uma carta da qual tomo a liberdade de citar uma passagem. Apenas um comentário: uma coisa é o triunfalismo e a emoção incontida na vinda de Bento XVI; outra coisa, é, a justiça prestada a quem, pelo espírito de competência, de sacrifício, de liderança de um conjunto coeso de pessoas, soube imprimir um ritmo de mobilização, em nome da fé, da cidadania, do bom gosto e de uma concertação plural, possíveis porque tais raras virtudes espelharam a pureza e a força do povo.
E passemos ao texto:
“E o que sentirão ao verificar que, quando o País se está a afundar, e é preciso enfrentar a crise, é o dinheiro dos nossos impostos que vai tapar os buracos dos desvios gananciosos feitos pela banca e, quando do exterior, para quem a nossa credibilidade já quase deixou de existir, nos são exigidos duros sacrifícios, são sempre os mais desfavorecidos que pagam? (…) E no meio deste mar de desgraças surgem agora uns poucos dias de beleza, de irmandade, de esquecimento do sórdido, de elevação não contestada, de verdadeira espiritualidade sentida e vivida por milhares de pessoas, numa demonstração de que o povo é, afinal, o detentor oculto mas permanente dos valores que interesses menos confessos têm vindo a pretender destruir (…)
O Sr. D. Januário sabe que eu não sou católico, mas isso não me impede de saber distinguir onde estão esses valores, de me sentir irmanado com os sentimentos de espiritualidade verdadeiros, de apreciar a beleza e grandiosidade da cerimónia, a sua dimensão e o seu significado.
Factos que fazem doer a “muita gente”.
E foi na sequência deste curto mas significativo intervalo na ansiedade, que senti necessidade de desabafar, de manifestar como me impressionou toda a organização dos eventos, como senti que, no meio da mediocridade em que vivemos, estes poucos dias de elevação e beleza poderiam ser, para todo o mundo que estava a assistir nas televisões e para os estrangeiros presentes de tantos países, a verdadeira imagem doo nosso povo, tão diferente da que a irresponsabilidade dos responsáveis faz acreditar.
O agradável comentário do Sumo Pontífice à hipótese de o avião poder estar retido, foi simples mas significativo episódio bem significativo da sua própria apreciação de toda a visita! (…)
Para além de todas as considerações de natureza religiosa e de índole estética, todo o Acontecimento foi verdadeiro sucesso para quem nele participou, presente ou assistente, e está de parabéns a Igreja Católica e em especial a Igreja Portuguesa.
E que muito custe aos ditos “laicos” para que se apercebam que o povo é que é a verdadeira essência da Nação!”
MDN, Lisboa, 28 de Maio de 2010
Januário Torgal Ferreira
Bispo das Forças Armadas e de Segurança
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