Reuniões menorizam os participantes?
Segundo um estudo feito numa escola superior americana, citado pelo jornal ‘Daily mail’, chegou-se à conclusão de que as reuniões de trabalho – assim denominadas, mas talvez nem sempre eficazes, de fato – têm um impacto negativo no coeficiente de inteligência (QI) dos trabalhadores. Com efeito, o (dito) trabalho em equipa faz com que as pessoas tenham piores resultados em testes de inteligência, dado que o cérebro está mais preocupado com a imagem, isto é, em fazer boa figura perante o grupo... do que em manifestar quem é realmente. Do mesmo estudo se pode ainda concluir que as reuniões tornam como que os cérebros inertes, manifestando, nalguns dos participantes nesta amostra de trabalho, dificuldade em revelarem as suas capacidades em contexto social.
É atribuída a um ex-governante português a frase: ‘se quiser resolver, eu decido; se quiser adiar nomeio uma comissão’!
Partindo da análise um tanto negativa do citado estudo, queremos, no entanto, tentar abordar aspetos que reportamos de importantes a partir da vivência da reunião... detetando o que há de positivo e denunciando aquilo que pode ser (mais) negativo.
= Reunir – uma graça de comunhão?
Se atendermos à composição da palavra ‘reunião’ podemos encontrar o prefixo ‘re’ e o termo ‘união’, podendo significar: voltar à união, criar laços... As razões para a reunião podem ser: debater questões, tomar decisões, trocar impressões, gerar consensos, celebrar algum acontecimento, seja humano, seja cultural ou mesmo religioso... As consequências da reunião podem ser: gerar novo espírito entre os participantes, fortalecer os laços da amizade e de comunhão, envolver todos nos projetos comuns...
Partindo cada qual da sua experiência – tendo em conta os vários tipos de reuniões – qual é a nossa avaliação das reuniões em que participamos? Será que aprendemos algo com as reuniões e nas reuniões? Haverá sinceridade nas reuniões? Saberemos conduzir e deixar-nos conduzir nas reuniões? Acreditamos que as reuniões são perda ou ganho de tempo no presente e para o futuro? Cristamente: acreditamos que as reuniões são momentos da revelação de Deus para nós e de uns para com os outros?
Estas e outras questões podem fazer do tempo de uma reunião como que um espaço de aprendizagem com utilidade para todos os participantes ou simplesmente uma escola de cinismo e mesmo de maledicência...
= Força da reunião: processo e etapas
Por que acreditamos que uma reunião – com os necessários efeitos psicológicos e espirituais – tem de ter critérios e modos de ser feita corretamente, apresentamos breves propostas para o desenrolar de uma reunião, como algo de divino em condição humana.
- Traçar objetivos precisos, concisos e exequíveis;
- Marcar hora de começo e de termo, podendo e/ou devendo haver um relógio bem visível para todos;
- Convocar as pessoas – as necessárias e suficientes – que podem fazer da reunião algo mais do que mero passatempo;
- Quem conduz a reunião deve explicar, com clareza, os objetivos a atingir;
- Acolher as opiniões de todos, sabendo distinguir entre quem propõe e é capaz de fazer (se tal lhe for proposto) e quem propõe para que outros façam... ficando-se pelas palavras;
- Registar a reunião para memória, através de ata ou de outro registo;
- Avaliar o processo desenvolvido e quais as consequências... após esse momento de reunião.
Certamente teremos sempre de distinguir o que é uma reunião e um tempo de convívio ou de simples confraternização, bem como um ato religioso, tanto celebrativo como sacramental... Com efeito, nada que envolve situações humanas pode ser desperdiçado... sem deixar marca em quem nele participa, ou será futilidade sem nexo nem interesse!
António Sílvio Couto
(asilviocouto@gmail.com)
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