Ao Compasso do tempo - 13 de Janeiro de 2012
Da leitura destes dias não me apraz repetir o tema da maçonaria. A maior tormenta desta questão é confirmar-se a notícia de que, em nome do “recato”, alguns se revelaram menos púdicos, porque, no problema de “exploração do homem pelo homem” não há cautelas mas opressão. De acordo com uma das vozes respeitadas desse âmbito, deveriam ser expulsos, pela imoralidade do comportamento. Mas, em fronteira com esta perspectiva (do secretismo, da privacidade por regulamento, das cautelas e estratégias além cortinas), alguns procedimentos gerais nos merecem atenção:
a) como explicar a inocência de associações, se os seus membros, no dia a dia, até dispõem de uma “senha” para estabelecer aproximação de quem se julgava ali estranho? A “ideologia” da associação é significativa para gerar um clube. Uma seita usa também desse código. Não haverá essa intenção. Mas lá que se pratica, pratica… Diz-se uma palavra-chave. Alguns, ali ao lado, concluem: és do meu “clube”… secreto.
b) por que motivo pedir sigilo a respeito de algumas características, até de movimentos católicos, com o bom fito de utilizar a novidade, como revelação evangélica e o inusitado como explosão emocional?
Não vale a pena obter resultados de conversão à custa de efervescência de processos, até a esse momento, aferrolhados a sete chaves. O saber-se da regra de esconder desencadeia um clima mítico, parente rico ou pobre da suspeita e desconfiança. É bem previsível a cerimónia litúrgica do casamento. Não se “fez sigilo” do que vai ocorrer diante do altar. O mesmo se refira do acontecimento da ordenação sacerdotal. Pois, sem névoas nem escondimento, as pessoas vivem com alvoroço, uma beleza sem par… A serenidade e o clima normal, sem truques nem jogos de alma, exprimem a liberdade e a adesão espontânea, e até entusiástica. As explorações emocionais casam-se bem com o secretismo. Os dois elementos dão mau resultado. Pensar e amar dispensam aperitivos prévios… e, sobretudo, impróprios.
c) não posso entender as habilidades mistéricas que aconselham uma jovem ou um jovem, de maior idade, a fugir ao diálogo aberto com os pais ou outros responsáveis, deixando uma carta sobre a cama desses familiares, num certo dia, em que concretizaram o “salto” da família, para se consagrarem à Igreja e ao mundo. (escapulindo-se a uma conversa civilizada, quase com medo de, eventualmente, virem a ceder à menos concordância dos mais adultos) E as instituições católicas, promotoras destas deontologias, porventura já superadas, por que não publicamente desautorizarem tão bárbaros procedimentos? Se é que foram reais… Podem ter sido filhos do “mito” ou da conspiração, de que se alimentam muitas sectores mal pensantes.
O secretismo é mau conselheiro. Por todas as razões. Mas, mormente, pela de maior consideração: tudo se vem a saber!
Não tenham ilusões. Bem diabolicamente avisados andaram aqueles, que, prometendo o maior respeito pelos “tristes” da vida e pela austeridade do viver, pagam principescos salários, bem publicitados pela incoerência não escondida. O segredo é a alma do negócio?
MDN – Capelania Mor, 13 de Janeiro de 2012
Januário Torgal Mendes Ferreira
Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança
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